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jan 09 2015

ATÉ ONDE DEVE IR A LIBERDADE DE EXPRESSÃO?

RENATO RIELLA

Depois de tantas mortes na França, devemos perguntar ao mundo até onde deve ir a liberdade de expressão.

Há quase 50 anos me comunico com públicos diferenciados. Tenho orgulho de sentir a evolução conquistada pela sociedade. Estamos mais civilizados, reconhecendo o direito dos que são diferentes de nós.

Fico feliz de ver que hoje não devemos (não podemos) ridicularizar negros, gays, judeus, velhos e outras representações da humanidade.

Essas minorias, até há algumas décadas, eram massacradas pelos chamados “humoristas” ou pelos analistas mais preconceituosos da imprensa. Sempre fui contra isso, nas redações por onde passei.

As mortes ocorridas agora na França (dos cartunistas e dos jovens terroristas de nacionalidade francesa) devem nos fazer meditar sobre esse limite necessário da liberdade de expressão.

 

LEMBRA DO “BISPO” QUE CHUTOU NOSSA SENHORA?

Há alguns anos, o Brasil se revoltou com um “bispo” da Igreja Universal que chutou, na TV, uma imagem de Nossa Senhora, numa pregação fanática e desrespeitosa.

Muitos cristãos piedosos que conheço, naquela época, teriam trucidado esse “bispo”, se possível, mas a Universal rapidamente deportou o cara para outros países. Sumiu-se!

Agora, creio que o mundo deve discutir, nas mais altas esferas de pensamento, o limite da liberdade de expressão.

O Estado pode ser laico, aqui ou ali, mas a fé presente na sociedade precisa ser preservada e respeitada. A ONU deveria abrir um debate sobre isso, incentivando a implantação de legislações que defendam o direito de ter fé.

Da mesma forma que a Europa pune as publicações que defendem o nazismo, consideradas intoleráveis, precisa punir as criações que ataquem religiões estabelecidas e os seus símbolos máximos.

Caso contrário, voltaremos ao tempo das Cruzadas (na verdade, já estamos voltando). Se continuarem atacando Alá e Maomé, não conseguiremos segurar a reação dos grupos armados do Islã.

A fé muçulmana é monumental, presente em todos os cantos do mundo. Traz dentro dela muitos valores, infelizmente distorcidos por grupos fanáticos localizados. Deve ser respeitada tanto quanto nos chocamos quando atacam Nossa Senhora ou Jesus.

Qualquer pessoa tem o direito de ser ateu, mas não deve ter cobertura do Estado para atacar religiões nem minorias.

A liberdade de expressão com limites é um avanço da sociedade que precisamos preservar e ampliar.

Os exageros praticados pelos 12 humoristas assassinados não foram redimidos pela morte cruel. Eles erraram na dose – e ninguém percebeu isso a tempo de evitar a tragédia!

Para concluir: eu não quero ser Charlie.

Durante toda a minha formação profissional fugi desse caminho irresponsável.

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