RENATO RIELLA
Tenho profundo conhecimento editorial e também conheço muito o mercado brasiliense. Por isso, me impressiono com a proliferação de revistas em Brasília, numa disputa sangrenta de anunciantes.
Para completar, a Editora Abril inicia neste domingo a circulação semanal da chamada Veja Brasília, que sai encartada com a Veja tradicional, tal qual ocorre em São Paulo e Rio. Essa publicação tem tabela de preços de anúncios três a quatro vezes mais cara do que as publicações já existentes.
São mais de dez revistas que circulam no DF, a maioria delas com distribuição gratuita, em grandes restaurantes, salões de beleza e também entregues diretamente a clientes preferenciais.
A maior e mais antiga é a Foco, da jornalista Consuelo Badra, que tem conseguido segurar um mercado de varejo, formado por lojas de roupas, academias, clínicas de estética, restaurantes e também empresas do mercado imobiliário. Ela sempre dependeu pouco da verba governamental, o que é fator de sobrevivência.
Grandes jornais da cidade e mesmo outras revistas vivem abaladas pela incerteza dos anúncios (e também os pagamentos) do Governo do DF, principalmente. E não encontram na iniciativa privada o respaldo necessário.
O Correio Braziliense faz a proeza de manter duas revistas. A semanal, encartada no jornal aos domingos. E agora tem a revista Encontro, copiada da publicação de mesmo nome do jornal Estado de Minas, que claramente enfrenta grave dificuldade para ser absorvida pelo mercado de anúncios.
A maioria das revistas tem custo de impressão perto dos R$ 100 mil, além de folha de pessoal caríssima. Não se faz esse tipo de publicação com profissionais baratos e inexperientes.
Há uma revista já antiga, chamada Plano Brasília, e a mais recente e bastante bonita, a GPS. Entre muitas outras. Todas com desempenho no limite, pois a cidade tem cada vez menos anunciantes.
Assim, resta esperar a reacomodação do mercado. Quem for mais competente sobreviverá.