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fev 13 2022

Com acervo de dois mil livros, a Biblioteca Braille Dorina Nowill reabre amanhã

No Dia Nacional do Cego, fundação lança site para promover leitura inclusiva | Agência Brasil

A única biblioteca braille do Distrito Federal, a Dorina Nowill, abrirá as portas amanhã (14) completamente renovada. No Espaço Cultural de Taguatinga, no centro da região administrativa, o equipamento público, composto por três salas, teve a estrutura física reformada e parte do mobiliário substituída.

As obras tiveram início no final de 2021, com a Coordenação Regional de Ensino de Taguatinga (Cret), da Secretaria de Educação (SEE). “Fui fazer uma visita em agosto e vi que o local era totalmente impróprio, não só para o atendimento, mas para os funcionários. Essa biblioteca merecia uma reforma. Nunca ninguém tinha olhado para eles, funcionários e usuários, e a gente, como Regional de Ensino, tem que olhar para todos”, afirma o coordenador da Cret, Murilo Marconi.

Essa foi a primeira intervenção no espaço desde a mudança para a nova sede em 2006. “São 15 anos nessa biblioteca sem reforma nenhuma. Agora, além de toda a estrutura física melhorada, com piso, janelas, paredes e azulejos novos, ainda temos ar-condicionado e filtro novos.

Está chique demais”, comemora a fundadora da Biblioteca Braille Dorina Nowill, Dinorá Couto Cançado. “Estamos na expectativa da reinauguração, porque essa glória não pode acontecer sem as pessoas conhecerem”.

Com as obras, foram trocados o piso, as janelas e os banheiros e a cozinha. A parte patrimonial também teve melhorias, com a aquisição de três aparelhos de ar-condicionado, fogão, geladeira, mesas, cadeiras e purificador de água.

A reforma custou R$ 75 mil e contou com emendas parlamentares dos deputados Jorge Vianna e Rafael Prudente. Já o mobiliário foi comprado com recursos do Programa de Descentralização Financeira e Orçamentária (Pdaf), da SEE, por meio da Cret, com valor estimado de R$ 25 mil. As novas estantes ainda serão adquiridas com outra emenda parlamentar.

Criada em 1995, a Biblioteca Braille Dorina Nowill conta com um acervo de dois mil exemplares, com 800 títulos. Isso porque o livro em braille ocupa, em média, até três volumes. Uma página em tinta equivale a quatro no formato braille. A biblioteca tem ainda publicações convencionais e com letras ampliadas para serem lidas em rodas de leitura e pelo público vidente (normalmente acompanhante dos cegos), idosos ou pessoas com baixa visão.

“A Biblioteca Dorina Nowill tem um papel muito importante dentro da rede de bibliotecas públicas do Distrito Federal, tendo em vista que é a única especializada para cegos e pessoas com deficiência”, afirma a diretora da Biblioteca Nacional de Brasília (BNB), Elisa Raquel Quelemes.

O espaço é um apoio para as demais bibliotecas do DF, que possuem um pequeno acervo acessível para pessoas com deficiência. “O acervo em braille é muito reduzido, por isso é fundamental ter esse suporte em Taguatinga. É uma biblioteca que tem reconhecimento internacional, que leva o nome do DF por meio dos seus trabalhos”, diz a diretora.

Mais do que cofundadora do espaço, Noeme Rocha é também uma das pessoas que tiveram a vida modificada pela biblioteca. “Acho incrível como essa biblioteca faz milagres. Ela fez na minha vida. Eu estava cega e foi quando aprendi o braille e entendi que podia chegar muito mais longe. Hoje estou realizada. E vou me realizar muito mais quando ela for reinaugurada”, acrescenta.

“A cultura é um bem não mensurável. Mas é essencial para a nossa população. A recuperação da Biblioteca de Braille é um orgulho para todos nós aqui de Taguatinga”, afirma o administrador de Taguatinga, Renato Andrade. “A instituição, infelizmente, acabou sendo obrigada a fechar suas portas ao público devido à pandemia da Covid-19. Mas agora estará de volta, reformada e apta para exercer sua função social e cultural em nossa cidade”, conclui.

A biblioteca leva o nome da ativista brasileira. Nascida em São Paulo em 1919, Dorina de Gouvêa Nowill ficou conhecida pelo trabalho de inclusão social das pessoas com deficiência visual no Brasil.

Dorina perdeu a visão aos 17 anos e foi a primeira aluna cega a se formar na Escola Normal Caetano Campos. Fez especialização em Nova York (EUA) após receber uma bolsa de estudos.

Em 1946, criou a Fundação para o Livro do Cego Brasil. Anos depois a instituição recebeu o nome dela. Escreveu e publicou em 1996 o livro “E eu venci assim mesmo”, que ganhou traduções para o espanhol. Morreu, aos 91 anos, em 29 de agosto de 2010.

Fonte: Agência Brasília
Foto: Agência Brasil

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