SERGIO GARSCHAGEN
Vi no Bom Dia Brasil desta segunda-feira ( dia 5/3) que o filme “A Forma da Água” levou 4 estatuetas.
O filme fala da relação desenvolvida entre uma faxineira e um bicharoco horroroso, “amazônico”, em um laboratório norte-americano.
Só pude pensar na sem-cerimônia com que os gringos vêm até a Amazônia e simplesmente levam daqui um espécimen, sem dar a menor pelota para o país de origem do bicharoco. Ah! é uma ficção, sei disso. Não me critiquem por este detalhe!
Mas é exatamente este detalhe que mostra a sem-cerimônia do filme, que se estende à vida real. Duvido que o diretor da fita tenha perdido alguns míseros segundos para mostrar que o espécimen feioso resgatado tenha saído legalmente da Amazônia, com um nihil obstat do país amazônico.
A “Forma da Água”, por esta razão, me lembrou de uma palestra que assisti anos atrás, em Brasilia, do ex-comandante militar da Amazônia, o general Augusto Heleno, na faculdade Unieuro, em que ele assegurou que na Amazônia brasileira há áreas em que o Exército só pode entrar com autorização expressa do Supremo. Isso mesmo, são áreas fechadas aos brasileiros.
Só que nessas áreas, em geral reservas indígenas, há muito se constatou a presença de pessoal de língua inglesa que se apresenta como missionários. Na realidade, antropólogos, geólogos e biólogos que recolhem material de estudos para laboratórios e universidades de seus países. Somos mesmo um quintal, terreno baldio do mundo.
Só por esta sem-cerimônia do filme e dos missionários já impliquei e criei tremenda má vontade com a fita.