O Panorama da Pequena Indústria, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que a competição desleal e a falta ou alto custo de trabalhador qualificado passaram a preocupar mais o empresário da pequena indústria no terceiro trimestre na comparação com o segundo trimestre. A preocupação ganhou força tanto na indústria de transformação quanto na indústria da construção.
A competição desleal, como informalidade e contrabando, foi assinalada por 24,5% dos empresários das indústrias de transformação de pequeno porte entre julho e setembro ante 23,6% em abril e junho. Na indústria da construção de pequeno porte, este percentual passou de 16,3% para 25,8% dos entrevistados no terceiro trimestre.
“No caso da concorrência desleal, esse aumento evidencia a necessidade de promoção da concorrência sadia, com ações para coibir práticas que possam limitar ou prejudicar a concorrência ou ainda resultar dominação de mercado”, avalia a economista Paula Verlangeiro.
A falta ou o alto custo de trabalhador qualificado passou a ser um problema para 22,9% dos empresários de pequeno porte da indústria da transformação no 3º trimestre, um aumento em relação aos 20,4% que responderam no 2º trimestre. Na pequena indústria de construção, a falta ou o alto custo de trabalhador qualificado preocupou 22,6% no trimestre, um aumento em relação aos 20,3% do período anterior.
Apesar disso, a carga tributária elevada foi o principal problema dos empresários da indústria de transformação no terceiro trimestre e a taxa de juros foi o mais importante obstáculo para os negócios da indústria da construção no período.
Os tributos são um problema para 38,8% dos empresários da transformação de pequeno porte e os juros elevados preocupam de 34,7% dos pequenos industriais da construção. Mesmo assim, esses percentuais são menores do que o trimestre anterior. No 2º trimestre do ano, 41,6% da pequena indústria da transformação estava preocupada com a carga tributária e 33,3% da construção com os juros altos.
O Índice de Desempenho das indústrias de pequeno porte, que é calculado considerando o volume de produção, utilização da capacidade instalada e evolução do número de empregados, apresentou oscilações, com recuos que superam os avanços nos meses que compõem o terceiro trimestre.
O indicador caiu nas passagens de junho para julho (-1,0 ponto), avançou de julho para agosto (+1,6 ponto) e sofreu nova queda de agosto para setembro (-1,4 ponto). Assim, as quedas superaram os avanços no terceiro trimestre.
No entanto, mesmo diante desses recuos o índice médio do terceiro trimestre foi de 45,5 pontos, praticamente igual à média para terceiros trimestres de anos anteriores, de 45,4 pontos. O dado mostra que, na avaliação do empresário da pequena indústria, o desempenho do terceiro trimestre frente ao trimestre anterior foi muito próximo ao de anos anteriores.
O Índice de Situação Financeira das pequenas indústrias, calculado com base na margem de lucro operacional, na situação financeira e no acesso ao crédito, manteve-se estável no terceiro trimestre de 2023. Houve avanço de 0,1 ponto, passando de 41,3 pontos para 41,4 pontos, o que pode ser considerado estabilidade.
A economista da CNI Paula Verlangeiro avalia que o patamar do índice pode ser considerado positivo, pois é superior à média para terceiros trimestres de anos anteriores de 39,3 pontos, e, também, em relação à média histórica, 38,3 pontos. “A estabilidade resulta de movimentos contrários dos diferentes segmentos industriais de pequeno porte no terceiro trimestre. Houve queda do indicador para as pequenas indústrias extrativa e de transformação, enquanto para a indústria da construção de pequeno porte houve melhora da situação financeira”, explica.
Fonte/.foto: Ascom/CNI