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out 17 2013

Crise dos planos de saúde é mais grave do que parece

RENATO RIELLA

Da mesma forma que todas as pessoas bem informadas previam há muito tempo o fracasso do empresário Eike Batista, pode ser dito  que, agora, todo mundo antevê a grave crise que o Brasil enfrentará com o desmoronamento dos planos de saúde privados.

Foi informado hoje que a maioria dos associados aos planos de saúde no estado de São Paulo enfrenta dificuldades na hora em que precisa dos serviços contratados. Os problemas ocorreram nos dois últimos anos, segundo pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pela Associação Paulista de Medicina.

O levantamento mostra que a deterioração do atendimento levou 30% dos pacientes a pagar por serviços particulares ou a procurar o Sistema Único de Saúde, sabendo-se que este último vive estourado, com atendimento precário em todos os grandes centros do país.

Em comparação à pesquisa anterior, cresceu em 50% a procura da rede pública, por falta de opção de atendimento por meio dos planos. O número de segurados que se sentiram obrigados a buscar atendimento particular cresceu entre 2012 e 2013. No ano passado, 9% declararam ter feito a opção, ante 12% neste ano de 2013.

O grupo que recorreu ao sistema público passou de 15%, em 2012, para 22% neste ano.

O presidente da associação dos médicos e do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, Florisval Meinão, esclareceu que a “questão está na estrutura da iniciativa privada e não na qualidade do atendimento médico”.

Ele observou que a quantidade de leitos oferecidos no Brasil oscila de dois a três a cada mil habitantes, enquanto o recomendado pela Organização Mundial da Saúde é três a cinco. “Nós precisaríamos criar mais 16 mil leitos até 2016”, defendeu.

A principal queixa ouvida pelos pesquisadores do Datafolha diz respeito à sala de espera lotada em prontos-socorros, e à demora no atendimento, apontada por 66% dos entrevistados. O atendimento privado tornou-se tão precário quanto a realidade do SUS.

As dificuldades em agendar exames e obter diagnósticos atingiram 47% das citações. As reclamações de falhas no pronto-atendimento foram feitas por 80%. A demora em autorizar exames mais complexos ou mesmo a negativa foi citada por 16% dos entrevistados.

A pesquisa foi feita com 861 pessoas, das quais 422 residentes na região metropolitana de São Paulo e 439 no interior.

Não há perspectiva de melhora. A Agência Nacional de Saúde tenta descredenciar planos de saúde considerados inviáveis, mas as discussões na Justiça são longas.

O brasileiro investe há anos na saúde complementar, mas não tem segurança de que será atendido na velhice. É uma grave crise que vai estourar a qualquer momento, inclusive porque a remuneração feita aos médicos e às clínicas é sempre ridícula, completamente fora dos valores do mercado privado.

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