RENATO RIELLA
Pedi aqui que o governador Rodrigo Rollemberg, pessoalmente, como ato político legítimo, liderasse a denúncia de cerca de cem vítimas contra o decorador Netto Galvão.
Nada foi feito e o estelionatário permanece em Paris, gastando mais de R$ 1 milhão que roubou de noivos e de empresários brasilienses.
Os atos políticos se dão por escala. Quando uma casa desaba e mata uma família, esta é uma tarefa para os bombeiros.
Mas se o desabamento atinge diversas casas e diversas famílias, passa a ser uma ação de governo. Há situações desse tipo que obrigam até a presidente da República a se deslocar até o local do acidente.
Assim, o golpe aplicado num casal de noivos deve ser resolvido pela delegacia da esquina.
Não é o caso de Chrisanto Lopes Galvão Netto, que prejudicou a sociedade brasiliense, representada por dezenas de vítimas. Ontem, ele venceu uma batalha na Justiça do DF, que recusou a denúncia feita por um noivo e uma noiva, sem o apoio político do governo como ente político máximo.
O governador Rollemberg devia ter se solidarizado com as dezenas de vítimas, aceitando este caso como uma calamidade que atingiu a sociedade brasiliense, espalhada por diversas regiões, diversas famílias, diversos segmentos.
Deveria ter procurado o procurador geral Leonardo Bessa, para que este oferecesse a denúncia contra Netto Galvão. Deveria ter acionado a Polícia Militar, que até hoje não anunciou providências contra o decorador, que é PM – a essas alturas desaparecido, talvez desertor.
Deveria ter feito contato com a Embaixada da França, com a Air France e até com a Interpol, para tentar localizar o indivíduo, que já foi visto estourando o dinheiro alheio em Paris.
Na situação atual, Netto Galvão pode voltar a Brasília impunemente e até voltar a vender seus “serviços”. Por isso, o Brasil é o país da impunidade, para onde os bandidos internacionais fogem nos filmes estrangeiros.