PAULO ROBERTO JUCÁ
O noticiário destacou o discurso do senador Eduardo Suplicy (PT), despedindo-se, em razão de não ter sido reeleito em São Paulo.
Mesmo os que não pertencem e nem votam no Partido dos Trabalhadores reconhecem a integridade de propósitos e a luta dele para ser adotada no Brasil a prática da renda mínima, como direito de todo brasileiro e como meio efetivo de distribuir a renda de forma justa.
Paradoxalmente, o partido literalmente ignorou o seu discurso. Não lhe deu nenhum apoio nos 12 anos de exercício de poder e nem tampouco, segundo queixas do seu filho na reportagem divulgada, se dignou a destinar qualquer recurso de ajuda na campanha!
Com certeza existe mais de uma razão para esse fenômeno, mas a conduta dos políticos em relação à prática contumaz do assistencialismo, com fins de manipulação dos eleitores, explica o absurdo.
O mais importante é o voto, independente de ser de cabresto ou não!
Isto foi confirmado mais uma vez nesta eleição. Se não, vejamos: o partido que está no poder usou a mídia para divulgar que, caso não fossem eleitos os seus candidatos, os “benefícios” amplamente distribuídos seriam cortados e as pessoas voltariam ao estado anterior de miséria. Todos viram, principalmente na televisão.
Até há poucos anos, havia a prática do uso do chamado cabresto. Dentaduras sendo distribuídas, com somente a parte de baixo, notas rasgadas ao meio e somente um pé de sapato.
Bastava ao eleitor provar que tinha votado, para receber o restante do presente. Eram estes e muitos outros métodos “criativos” de amealhar votos, com a diferença de que não se divulgava a benesse.
Qual a diferença entre o uso desses artifícios e a campanha deste ano?
A diferença é o uso dos meios de divulgação. Na essência, instituir bolsas e auxílios não difere da prática anterior, do voto de cabresto. Isto talvez explique a situação do senador petista não reeleito.