RENATO RIELLA
Cenas típicas dos filmes “Tropa de Elite” continuam acontecendo no Rio, depois de tantas advertências. Ontem foi um dia típico, assustador.
O governador Luiz Pezão (PMDB), em plena campanha pela reeleição, assustou-se ontem com o envolvimento de 24 policiais militares no esquema de cobrança de propinas (luvas) de comerciantes, empresários e ambulantes da zona oeste do Rio.
Um dos presos, o coronel Alexandre Fontenelle, atual chefe do Comando de Operações Especiais, tinha como subordinados batalhões de elite da PM, entre eles o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Batalhão de Choque, ambos em destaque, por coincidência, em “Tropa de Elite” (não foi por falta de aviso).
Foram encontrados cerca de R$ 300 mil na casa do coordenador de Operações do 14º Batalhão de Bangu, major Edson Alexandre Pinto de Góes, um dos foragidos, e R$ 33 mil na casa de um sargento, cujo nome não foi divulgado.
Segundo Pezão, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, continuará tendo autonomia para promover mudanças no 14º Batalhão (Bangu), onde atuava a quadrilha, e na cúpula da Polícia Militar.
A operação foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), em conjunto com agentes da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Denominada Operação Compadre 2, a ação cumpriu 25 mandados de prisão, sendo 24 contra policiais militares, entre os quais seis oficiais. Dois policiais militares e um civil continuam foragidos.
Em 2013, a Operação Compadre desarticulou uma quadrilha que cobrava propina de feirantes e comerciantes flagrados com mercadorias ilícitas. O governador lembrou que, à época, foram expedidos 78 mandados de prisão contra PMs.
Conforme a denúncia, “o 14° BPM foi transformado em verdadeiro ‘balcão de negócios’, numa verdadeira ‘sociedade empresária S/A’, em que os lucros eram provenientes de arrecadação de propinas por parte de diversas equipes policiais responsáveis pelo policiamento ostensivo.
A principal parte era repassada para a denominada ‘Administração’, ou seja, os oficiais militares integrantes do ‘Estado Maior’, que detinham o controle do 14º BPM, os controles das estratégias, das equipes subalternas e do poder hierárquico”.