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maio 30 2013

falta transparências nas coisas do Santos x Flamengo

 RENATO RIELLA

Ter boa imagem no Brasil é tudo. A imagem das pessoas condena e solta, a depender do caso. José Dirceu, Roriz, Leonardo Prudente e muitos outros homens públicos foram “condenados” pelas ruas, porque não cuidaram da própria imagem.

Este raciocínio apresentei de forma contundente para o meu grande amigo Jozafá Dantas, presidente da Federação Brasiliense de Futebol, que está no meio da confusão gerada pela renda de R$ 8 milhões obtida no jogo Santos x Flamengo.

Complemento minha argumentação lembrando do secretário de Segurança Pública do Rio, o policial federal José Beltrame. Ele hoje tem uma imagem tão boa, depois da “pacificação” de algumas favelas, que pode fazer tudo. Qualquer coisa!

Se Beltrame for surpreendido por algum marido, nu, no quarto de uma supermulher, vai argumentar que é um mal-entendido – e a opinião pública acabará acreditando. Talvez até o marido acredite!

Beltrame usa e abusa dessa imagem intocável. Recentemente, foi cogitado para ser candidato a vice-governador na chapa que vem sendo formada pelo governador Sérgio Cabral, cuja composição prevê o vice-governador Pezão como candidato a governador.

Sabem qual a resposta que Beltrame deu pela imprensa? Ele disse que vice é coisa de vascaíno. E sabem qual o time de Sérgio Cabral? Vasco! O governador fez de contas que não leu isso.

Beltrame deita e rola, porque montou uma imagem inexpugnável. Imagem ruim prende de véspera, sem direito a habeas corpus.

Aprendi isso, sobre a força da imagem, quando era criança. Aos 12 anos, meu pai, Agenor, me levava nas férias, num turno, para acompanhá-lo num grande armazém que ele tinha em Salvador.

Desinformado e intransigente, eu ficava chocado de ver a hoje santa Irmã Dulce chegar escondida ao armazém, numa Kombi, acompanhada de dois mulatões. Ela entrava pelos cantos do armazém e saía carregando sacos de feijão ou arroz, caixas enormes de Leite Ninho e outros produtos caros. Meu pai não reagia.

Reclamei, e ele disse: “Como posso brigar com Irmã Dulce?” A imagem era tão forte, tão santa, tão revolucionária, que ela “assaltava” os armazéns para sustentar “seus pobres”.

Imagem anistia e condena. Imagem até mata, se for ruim demais. O diagnóstico da morte do bilionário Sérgio Naya foi: “Imagem péssima”.

E a imagem de todos os envolvidos com o jogo Santos x Flamengo está a cada momento mais frágil, mais queimada.

É provável que as revistas de fim de semana tragam novos dados sobre este caso. E tome pau!

Jozafá, como jornalista e advogado de muita competência, precisa lutar por transparência nas coisas ligadas ao futebol de Brasília, ligadas à Copa e ao Estádio Garrincha, que é fantástico, maravilhoso, monumental, mas precisa dar respostas ao povo. O povo nem sabe o que é imagem: só sente.

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