RENATO RIELLA
Os poderes da República estão fazendo de contas que não vêem, mas o Brasil está prestes a sofrer grave crise por causa da falta de política oficial no setor de planos de saúde. A situação já é dramática, mas pode ficar trágica.
Como prova disso, ficamos sabendo hoje que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) suspendeu, por três meses, a venda de 212 planos de saúde de 21 operadoras, a partir do próximo dia 23.
A punição ocorre por descumprimento de prazos e negativa de cobertura. Com o anúncio de hoje, um total de 246 planos de saúde de 26 operadores estão suspensos.
Levando-se em conta que cerca de 25% da população hoje dependem desse serviço, dá para ver o tamanho do problema, que é agravado pelas péssimas condições de atendimento na rede pública de saúde.
O governo está discretamente preocupado, passando a avaliar a negativa de cobertura, o período de carência, a rede de atendimento e o reembolso. Antes, eram avaliados apenas itens como o descumprimento de prazos para marcação de consultas, exames e cirurgias.
“Um plano que não atende no prazo correto, que não atende cirurgia, exame e internação, não pode incorporar mais pessoas. Não pode ter mais rentabilidade e novos usuários, enquanto não atender bem a população que já está ligada àquele plano”, disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
A ANS informou ainda que 125 planos de seis operadoras que estavam com as vendas suspensas estão sendo reativados. Desses, 52 planos são de empresas que estão saindo da lista de operadoras com planos suspensos e 73 são de operadoras que estão apresentando melhora em seus resultados, mas ainda têm algum produto suspenso.
Os abusos são grandes. Quando o associado atinge 59 anos, a prestação quase dobra. Os mais velhos têm pago mais de R$ 1.000 por mês, mesmo tendo contribuído antes durante muitos anos com tarifa mais baixa. É injusto, pois quando mais o cidadão precisa, muitas vezes fica incapacitado de contribuir.
Imagino que vai haver breve uma passeata de velhos pedindo providências. Para completar, os planos de saúde pagam de forma ridícula aos médicos, com consultas remuneradas na faixa dos R$ 40,00.
Na próxima campanha eleitoral, o candidato que se comprometer a atuar nessa área vai se dar bem. Hoje, os usuários de plano de saúde estão órfãos – principalmente os mais velhos.
