RENATO RIELLA
O senador Gim Argello (PTB) e o deputado federal André Vargas (PT) são dois políticos que estão sendo fritados neste momento pré-Copa do Mundo e têm previsões de nuvens negras pela frente.
Ambos subestimaram a chamada opinião pública e podem pagar um preço caríssimo por isso.
Gim Argello é ficha limpa. Ele é tão ficha limpa que, repentinamente, abandonou a base aliada do governador petista Agnelo Queiroz e aceitou ser candidato a senador na chapa do candidato a governador José Roberto Arruda, outro “ficha limpa”.
A presidente Dilma Rousseff, não se sabe coordenada por quem, fez operação maquiavélica, abrindo uma vaga no Tribunal de Contas da União para Gim, com o afastamento voluntário do ministro Valmir Campelo, que aceitou ser vice-presidente do Banco do Brasil.
A vaga do TCU seria destinada ao senador Gim Argello, que aceitou a indicação. Depois disso, sem mais nem menos, ele abandonou a vaga de candidato ao Senado do Arruda.
Tecnicamente, Gim é mesmo ficha limpa (não tem condenação em colegiado) e ninguém contestou a sua possível candidatura ao Senado. Mas a indicação do seu nome para ministro do TCU está abalando áreas políticas diversas de Brasília e corre risco de naufragar.
Pode ser dito que Gim subestimou a repercussão que teria essa sua indicação. Ele achava que, mesmo tendo diversos processos em tramitação no Supremo Tribunal Federal, seria reconhecido como ficha limpa, sem maiores problemas. Não é simples assim!
ANDRÉ VARGAS SE DIZ INOCENTE. E DAÍ?
O deputado André Vargas também pode jurar que não tem nada a ver com os negócios irregulares do doleiro Alberto Yousseff, mas está perdendo a guerra na opinião pública.
Há algumas semanas, numa solenidade no plenário do Congresso Nacional, ele sentou-se ao lado do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, a quem desrespeitou, fazendo acintosamente o gesto símbolo de Zé Dirceu e Genoíno, com o punho cerrado e levantado.
Foi um horror! Todas as áreas bem esclarecidas do país se assustaram com a grosseria do simbolismo. De repente, este André Vargas que desafiou a opinião pública aparece flagrado em momentos de intimidade com um criminoso preso, o qual até lhe emprestava aviões para viagens particulares.
O resultado é que André Vargas, vice-presidente da Câmara Federal, teve de afastar-se do Congresso por 60 dias e vai acabar perdendo o mandato, depois de julgado pelo Conselho de Ética.
Ele e Gim, se tivessem ficado em postura discreta nesta fase de grande agitação política, estariam livres de contestação. Agora, não! Estão sendo fritados pelos antigos amigos.