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abr 09 2014

Uma CPI a ser engolida pela copa do mundo

RENATO RIELLA

Dois escândalos, ambos acima da casa do bilhão, ocupam as atenções dos brasileiros mais esclarecidos e desgastam o PT e o PSDB – as duas principais forças políticas do Brasil.

O mais badalado desses escândalos, por ser internacional, abala a Petrobras, denunciando a compra superfaturada da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Esta é a bomba que sacode a candidatura da presidente Dilma Rousseff.

No PSDB, dando preocupação ao candidato a presidente Aécio Neves, ferve o escândalo do Metrô de São Paulo, que compromete os governos paulistas tucanos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin.

Hoje, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os dois escândalos.

Originalmente, essa CPI foi lançada com a assinatura de 28 senadores, destinada somente a apurar desmandos na administração da Petrobras.

A chamada base aliada, coordenada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, embutiu na CPI o escândalo dos subornos ligados às obras do Metrô de São Paulo, empatando o jogo.

Os tucanos têm esperança de derrubar no Supremo Tribunal Federal essa diversificação de temas, alegando que a CPI foi registrada tendo como tema apenas os possíveis roubos da Petrobras.

E assim, todos vão ocupando espaço na mídia, sabendo que dentro de 30 dias o país estará tomado pela Copa do Mundo, quando dificilmente os temas políticos terão espaço em jornais, televisões, rádios e até Facebook e Twitter.

Toda leitura momentânea já está girando em torno da eleição de 5 de outubro. Depois de 15 de maio, a política vai hibernar durante quase dois meses, voltando ao cenário somente depois de 15 de julho, quando o Congresso Nacional já não terá atividades, pois todos os candidatos estarão fazendo campanha nas suas bases.

Os chamados analistas políticos discutem ética e conteúdo na abordagem dessas questões, mas o que pesa é o desgaste que petistas e tucanos tentam impingir, uns aos outros, visando fortalecer a candidatura de Dilma ou de Aécio.

PT E PSDB E SUAS PIZZAS

PT e PSDB têm antecedentes horríveis em matéria de escândalo. São especialistas em matéria de pizza.

Em 2009, os petistas participaram de uma operação para salvar o senador José Sarney (PMDB), que presidia o Congresso e esteve envolvido em denúncias seríssimas.

Ele só se salvou porque o então líder do PSDB, Arthur Virgílio, foi flagrado em atos que poderiam também levá-lo ao Conselho de Ética. O resultado é que houve um pacto secreto que arquivou as duas denúncias.

Vimos que, na eleição de 2006, um ano depois do grande escândalo do Mensalão do PT e da queda do líder José Dirceu, os tucanos fizeram campanha presidencial sem abordar este assunto. Ninguém entendeu porque.

Na verdade, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, estava fragilizado pela denúncia de que sua mulher, Lu Alckmin, tinha recebido 400 vestidos de um estilista famoso. PT e PSDB fizeram um pacto mudo de não agressão e Lula acabou vencendo a eleição.

Os tucanos estão fragilizados por causa do Mensalão mineiro. No entanto, ministros do Supremo Tribunal Federal que têm ligação direta com o Palácio do Planalto participaram da operação que livrou a cara do ex-governador de Minas, Eduardo Azeredo, deixando que o processo do Mensalão fosse rebaixado para a Justiça de Minas, onde vai acabar engavetado.

É assim a política brasileira, repleta de impunidades e de ruídos momentâneos que não levam a nada.

A CPI hoje em discussão, do Metrô e da Petrobras, não vai dar em nada. Será engolida pela Copa do Mundo, que é muito mais interessante.

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