RENATO RIELLA
Foi anunciado hoje que a presidente da Petrobras, Graça Foster, renunciou ao cargo. Na sexta-feira, será escolhido um presidente para a empresa, além de mudanças nas diretorias e no Conselho.
Esta perspectiva gerou euforia no país ontem. A Bolsa de São Paulo até reverteu o péssimo desempenho das últimas semanas. As ações da Petrobras, ainda no fundo do poço, chegaram a crescer 15%.
Graça Foster permaneceu, porque foi indispensável. Graças a ela, o escândalo está sendo empurrado com a barriga. Em nenhum momento a presidente da Petrobras veio a público com informações que fortaleçam a investigação liderada pelo juiz federal Sérgio Moro.
Nunca Graça Foster informou sobre a suspensão de pagamentos a empresas reconhecidamente corruptas, nem disse o que acontecerá com os contratos sob investigação.
Na semana passada, fez um papelão, ao não cumprir com a obrigação de apresentar o balanço auditado da empresa do terceiro trimestre de 2014. E já está sendo pressionada para apresentar o balanço completo do ano que se encerrou.
Graça Foster, em meio a toda essa incerteza, parece que pirou e apresentou o número monstruoso de R$ 86,8 bilhões como balanço da corrupção que minou a empresa.
Na verdade, a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça Federal reconhecem um valor bem menor, que pode chegar a R$ 4 bilhões, dinheiro este distribuído como propina a diretores da Petrobras, a partidos políticos e a algumas dezenas de políticos.
O número de R$ 86,6 bilhões, jogado na mídia por Graça Foster, irritou a presidente Dilma e, desde então, se fala em arranjar um presidente para a Petrobras.
Este valor tão assustador foi mal explicado, talvez de propósito, por Graça Foster, e refere-se a investimentos mal avaliados, como a refinaria de Pasadena (EUA), e empreendimentos interrompidos, como as refinarias do Maranhão, do Ceará e de Pernambuco, entre muitos outros projetos.
O roubo, mesmo, que está sendo pesquisado com lupa, deve chegar perto dos R$ 4 bilhões, como já se apurou. O resto é dinheiro ligado a péssimas decisões, com projetos superfaturados ou inviáveis economicamente, gerando prejuízos inacreditáveis. (matéria atualizada às 11h)
CLASSIFICAÇÃO BAIXA PARA PETROBRAS
A agência de classificação de risco Fitch rebaixou nesta terça-feira (3) os ratings da dívida da estatal brasileira de petróleos e gás Petrobras em moeda estrangeira e local para “BBB-” ante “BBB”, e simultaneamente colocou a petroleira em perspectiva negativa.
Segundo a Fitch, o rebaixamento dos ratings da Petrobras afeta cerca de US$ 50 bilhões em dívidas da empresa.
A agência destacou que o rebaixamento reflete incertezas crescentes e prolongadas sobre capacidade da empresa de estimar e registrar baixas contábeis de maneira apropriada, em meio a denúncias de que os ativos teriam sido sobrevalorizados por atos de corrupção, informa o portal G1.
Na quinta-feira (29), a empresa já havia tido suas notas de crédito reduzidas por outra agência de risco, a Moody’s.