«

»

jan 27 2018

HISTÓRIA DE BRASÍLIA: Como se formaram as cidades do Distrito Federal

dfARNALDO BARBOSA BRANDÃO

Uma parcela da expansão demográfica do Distrito Federal pode ser creditada à transferência de funcionários públicos do Rio de Janeiro para Brasília. Outra parcela resultou da vinda de trabalhadores para a construção, e de pequenos comerciantes, dentre outros.

Na década de 60, o crescimento da população do Entorno do Distrito Federal foi reduzido, se comparado ao crescimento do DF, passando de 38,2 mil para 50,2 mil habitantes, sendo importante assinalar que estes municípios vinham tendo crescimento negativo até 1960.

As taxas de expansão da população do DF são realmente altas. Contudo, deve ser considerado o contexto da época, no qual ocorre um aumento singular da população urbana brasileira, em função da massa de trabalhadores rurais que se deslocaram para as cidades, sobretudo, as do Sudeste.

Basta observar que a cidade de São Paulo cresceu a taxas de 5,6% ao ano entre 1960 e 1970, passando de 3,7 para 5,9 milhões de pessoas, sendo que os municípios que formam a Grande São Paulo cresceram a taxas de 7,4% ao ano (dados do IBGE).“

A partir de 1960, assume a Presidência Jânio Quadros, que venceu o candidato de Juscelino, General Teixeira Lott, por uma grande diferença de votos.

Em termos políticos, havia uma “crise” que vinha se desenvolvendo desde o suicídio de Getúlio, em 1954, e que Juscelino, habilidosamente, conseguiu contornar no período 55/61.

A crise tinha contornos políticos e econômicos, como de hábito, e somente terminou em 1964 com o início do ciclo de governos militares (1964/1985).

Durante os governos de Jânio Quadros (1961) e João Goulart (1961/1964), houve praticamente uma paralisação das obras de infra-estrutura e habitação em Brasília, que só foram retomadas depois de 1964.

O período 60/64 resultou em níveis altos de desemprego na cidade, embora as taxas de migração continuassem altas e aumentasse significativamente o número de moradores em habitações informais” (Brandão,1998).

Segundo a orientação das diretrizes de governo dos militares, os problemas fundamentais para a retomada do desenvolvimento acelerado seriam a necessidade de melhorar a liquidez do país e elevar a demanda interna,

Havia a intenção de promover a conciliação com o setor privado, aumentando-se ainda o dinamismo do setor público nas áreas prioritárias a seu cargo.

As principais políticas postas em prática, visando o fortalecimento do setor privado, foram: uma política monetária estável (com redução das taxas de juros), redução da carga tributária, contenção dos preços dos insumos básicos das indústrias e a manutenção de níveis adequados de proteção à indústria nacional (Avila, A. S., 2003).

Em termos políticos, econômicos e institucionais, a partir de 1965, ocorrem mudanças substanciais, com reflexos para a consolidação de Brasília como capital. Sendo o principal deles a expansão da economia e a manutenção do ritmo da transferência de organismos públicos para a nova capital.

Os militares, que assumiram o poder em 1964, tinham especial interesse na construção de Brasília devido à possibilidade de integração e segurança do território, além de representar um oportuno distanciamento em relação à movimentação política existente no Rio de Janeiro que os militares viam com desconfiança.

Nesse sentido, a transferência definitiva das embaixadas para a cidade nos anos 70, durante o regime militar, foi um dos marcos na consolidação da cidade como capital do País. Ademais, a prefeitura da cidade era subordinada diretamente ao Palácio do Planalto, o que se traduzia num controle político direto sobre a Capital.

Em 1961, além da cidade de Brasília, que possuía um prefeito, o território do Distrito Federal possuía ainda sete subprefeituras: Taguatinga, Brazlândia, Núcleo Bandeirante, Gama, Planaltina, Sobradinho e Paranoá.

Em 1964, é formulada a estrutura administrativa do Distrito Federal com a criação de oito Regiões Administrativas: Taguatinga, Brazlândia, Núcleo Bandeirante, Gama, Planaltina, Sobradinho, Paranoá e Jardim.

As medidas econômicas adotadas, ainda no governo Castelo Branco, dentre elas a “correção monetária”, e a queda da inflação incentivaram a realização de investimentos de porte na construção civil, sobretudo no setor habitacional.

A criação do BNH (Banco Nacional da Habitação) em 1964, com a finalidade de executar o Plano Nacional de Habitação, em substituição à FCP (Fundação da Casa Popular) e, sobretudo, a criação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), em 1967, que permitiu a criação do SFH (Sistema Financeiro da Habitação), tiveram enormes repercussões na consolidação de Brasília, principalmente no setor habitacional, o mais dinâmico da economia local na época (Brandão,1998).

Sob o ponto de vista territorial, no final da década de 60, inicia-se a construção do Guará I que depois interligou-se ao Guará II ( um grande conjunto habitacional) e, em 1969, também se inicia a construção da Ceilândia para onde foi transferido o maior assentamento informal do DF na época, a Vila do IAPI (48.000 moradores).

O modelo planetário (Plano Piloto e Cidades Satélites), que ensaiara seus primeiros passos em 1958 e 1959, com a transferência de famílias para Taguatinga e Gama, tomava forma definitiva (Brandão, 1977).

Entre 1970 e 1980, uma expansão significativa do território urbano ocorria, sobretudo pela construção de grandes conjuntos habitacionais financiados pelo SFH- Sistema Financeiro da Habitação.

As cidades já existentes (Taguatinga, Gama, Sobradinho e Guará) foram expandidas, tendo sido criada a Ceilândia, hoje a maior cidade do DF em população.

Muitas destas localidades absorveram moradores das chamadas “invasões”.Em linhas gerais, o modelo de ocupação nuclear do território do DF, que permanece até os dias de hoje, foi resultado da construção de núcleos urbanos que começavam como “conjuntos habitacionais de casas populares, cujas localizações eram orientadas tendo em vista a proteção da bacia do Lago Paranoá e do próprio Plano Piloto (Brandão, 1977).

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode usar estas tags e atributos HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

*