Amanhã (30), o imperador do Japão, Akihito, vai abdicar do trono. O país, que tem atualmente a monarquia mais longa do mundo, segundo registros oficiais da casa imperial, data de 2,6 mil anos atrás, terá a sua primeira abdicação em 202 anos.
Popular, Akihito passará a ser conhecido como “imperador Heisei”, o nome de sua era imperial, quando deixar o Trono de Crisântemo.
Quem sobe ao trono é o filho dele, Naruhito.
O Japão terá 10 dias de feriado: creches, hospitais, bancos e outros empreendimentos ficarão fechados até o dia 6.
O imperador anunciou sua abdicação há cerca de um ano e meio. A legislação do país, no entanto, não permitia que o imperador saísse do posto ainda em vida. Para tornar isso possível, uma lei específica, que só se aplica a este monarca, hoje com 85 anos, teve que ser aprovada.
Para a especialista em Japão,Carol Gluck, da Universidade Columbia, em Nova York, dois elementos chamam a atenção na saída do imperador: a mudança na legislação que permitiu a abdicação e visão da opinião pública do país sobre o imperador.
“A Lei da Casa Imperial diz que o imperador reina até a morte — o que é uma questão política, você não pode simplesmente abdicar. Mas não havia outra opção a não ser aceitar. Eles não podiam simplesmente dizer que não iam deixá-lo abdicar”, explica Carol. Para ela, o fato de o congresso do país ter aceitado modificar a lei por causa de Akihito serve para ratificar o quanto ele é bem visto pela opinião pública.
Além de se aproximar das pessoas comuns, Akihito também foi o primeiro imperador japonês, a se casar com uma mulher de fora da realeza.
Em 2015, ele também expressou “remorso profundo” sobre a 2.ª Guerra Mundial, durante um pronunciamento que marcou o aniversário de 70 anos do fim do conflito.
“Refletindo sobre o nosso passado e tendo em mente os sentimentos de profundo remorso na última guerra, espero fervorosamente que os estragos da guerra nunca se repitam. Presto sincero tributo a todos aqueles que perderam suas vidas na guerra, tanto nos campos de batalha como em outros lugares, e rezo pela paz mundial e pelo contínuo desenvolvimento de nosso país”, declarou.
Seu sucessor deve manter o mesmo tom conciliador do pai, explica Jonathan Portela, mestre em história contemporânea pela Universidade Federal de São Paulo.
Com informações do G1