O secretário de saúde afastado do Distrito Federal, Francisco Araújo, e outras quatro autoridades do alto escalão da pasta, foram transferidos para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, ontem (31). A informação foi confirmada pela Secretaria de Administração Penitenciária do DF (Seape-DF).
Os gestores foram presos preventivamente na semana passada, durante a segunda fase da operação Falso Negativo, que investiga supostas irregularidades na compra de testes para detecção da Covid-19.
Eles estavam no Departamento de Polícia Especializada (DPE) e a previsão era que a transferência para o presídio ocorreria na terça (1º), mas foi antecipada.
Ontem, o diretor da Divisão de Controle e Custódia de Presos do Distrito Federal e um agente da Polícia Civil foram detidos por suposto favorecimento a um dos investigados. Segundo as investigações, a dupla teria permitido visitas indevidas ao secretário-adjunto de Gestão em Saúde do DF, Eduardo Seara Machado Pojo do Rego.
Os cinco presos que foram transferidos para a Papuda são:Francisco Araújo, secretário de Saúde; Ricardo Tavares Mendes,: ex-secretário adjunto de Assistência à Saúde do DF; Jorge Antônio Chamon Júnior: diretor do Laboratório Central do DF; Ramon Santana Lopes Azevedo: assessor especial da Secretaria de Saúde do DF e Eduardo Seara Machado Pojo do Rego: secretário adjunto de Gestão em Saúde do DF.
Os cinco foram detidos no dia 25 de agosto, durante a segunda fase da operação, e estão afastados dos cargos. O subsecretário de Vigilância à Saúde do Distrito Federal, Eduardo Hage, também chegou a ser preso na ação, mas foi liberado na última sexta-feira (28), após apresentar um habeas corpus ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A Justiça expediu ainda um mandado de prisão contra o subsecretário de Administração Geral da Secretaria de Saúde do DF Iohan Andrade Struck. No entanto, ele não foi encontrado pelos investigadores. A defesa alega que o gestor está em isolamento, com sintomas de Covid-19.
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape/DF), os investigados ficarão em quarentena por 14 dias no Centro de Detenção Provisória II (CDPP II), em função da pandemia do novo coronavírus. Conforme a pasta, o procedimento ocorre com todos os detentos recém-chegados ao sistema carcerário.
A Seape informou ainda que o grupo ficará na ala de vulneráveis, separado da massa carcerária, antes de ir para as unidades prisionais relativas a cada tipo de pena.
“Separação da massa carcerária visa a preservação da integridade física dos envolvidos”, disse a pasta.
Ontem, o Ministério Público do DF e a corregedoria da Polícia Civil deflagraram uma investigação para apurar suspeita de favorecimento ao secretário-adjunto de Gestão em Saúde do DF, Eduardo Seara Machado Pojo do Rego, durante o período detido no Departamento de Polícia Especializada.
Os investigadores afirmam que ele recebeu visitas da mãe e de um amigo. Por regra, presos que estão na carceragem só podem ser visitados por advogados. Os dois policiais alvo da investigação foram detidos e liberados durante a tarde.
Em nota, a defesa de Eduardo informou que o cliente “não recebeu qualquer favorecimento até o presente momento”.
“Em verdade, há uma imensa preocupação com seu estado de saúde por parte de seus familiares e dos responsáveis pela sua custódia. Nesse sentido, vale destacar que o Desembargador Humberto Ulhôa, ao tomar ciência do problema de saúde de Eduardo Pojo, prontamente determinou realização de perícia médica por meio do Instituto de Medicina Legal (IML)”, dizem os advogados.
A operação Falso Negativo investiga supostas irregularidades na compra de testes para detecção da Covid-19. Na terça-feira (25), durante a segunda fase da operação, o Ministério Público do DF prendeu os integrantes do alto escalão da Saúde.
Segundo o MP, eles são suspeitos de integrar uma organização criminosa que direcionou e superfaturou a compra dos testes rápidos do novo coronavírus na capital.
O Ministério Público apura suspeitas de fraudes em duas dispensas de licitação para compra de exames. Em ambas, o MP identificou superfaturamento. Ao todo, o prejuízo estimado é de R$ 18 milhões.
Os crimes em investigação são de fraude à licitação, lavagem de dinheiro, organização criminosa, além da prática de corrupção ativa e passiva. O caso ainda pode ser caracterizado como cartel.
Com informações de G1