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nov 30 2014

IRMÃ DULCE (III) – LEIA, MESMO SE NÃO TIVER FÉ

RENATO RIELLA

Sei que você vai assistir o impressionante (e bem feito) filme Irmã Dulce, mas conto um momento surpreendente.

Na década de 50, a pequena freira ainda abrigava miseráveis no galinheiro do convento, no bairro de Roma, na Cidade Baixa de Salvador. Era dureza!

Durante o dia, no calor baiano de matar, andava a pé nas feiras e nas ruas pedindo doações, sempre usando a roupa pesada de freira.

Não se separou do hábito de algodão nem mesmo quando foi expulsa da Ordem religiosa por monstruosos bispos que dominavam a Igreja Católica na Bahia (Dom Eugênio Sales é denunciado frontalmente no filme).

Numa caminhada pela Feira de Água de Meninos, Irmã Dulce aproximou-se de um vendedor feio, enorme, gordo e sujo. Estendeu o braço e pediu ajuda para os pobres. No filme, isso é bem mostrado, de forma revoltante: o cara encheu a boca de saliva e cuspiu forte na pequena palma de mão.

Impassível, Irmã Dulce limpou a mão direita na cintura, estendeu firme a mão esquerda e disse:

-Esta doação foi para mim. Agora, o que você vai dar para os meus pobres?

E assim construiu um império divino, que salvou a vida de milhões de baianos muito pobres durante cerca de 40 anos (e continua funcionando).

No hospital da Irmã Dulce, nunca faltou vaga. Num dia (veja no filme) de muita agitação, chega um voluntário aflito e diz para a superfreirinha: “Irmã, irmã, não cabe mais ninguém”.

Resposta: “Ocupe o meu quarto” – e saiu andando tranquilamente.

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