«

»

ago 25 2020

Jornalista Washington Novaes morre, aos 86 anos, em Aparecida de Goiânia

O jornalista Washington Novaes morreu ontem (24) aos 86 anos, após passar por uma cirurgia para a retirada de um tumor no intestino, em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. A informação é do filho dele, o cineasta Pedro Novaes.

Pedro lamentou a partida do pai em um texto enviado ao G1. Segundo ele, não só a família fica órfã, “mas também o cerrado e a Amazônia, pelos quais ele tanto lutou, e os povos indígenas brasileiros, já tão sofridos, e pelos quais ele se apaixonou décadas atrás”.

“Que a gente possa lembrar dele como essa referência, tanto como pai, quanto como jornalista: absurdamente generoso e indignado. E que o exemplo dele nos ajude a superar essa tragédia política, sanitária, ambiental e social que estamos vivendo”, escreveu.

Novaes descobriu o tumor em março deste ano. De acordo com Pedro, o tratamento era apenas cirúrgico e o pai foi operado na quinta-feira (20) e estava na UTI desde então.

No domingo (23), o quadro dele se agravou devido a uma infecção decorrente da operação e problema no fígado.

Além da carreira na comunicação, o paulista Washington também foi secretário de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Distrito Federal entre 1991 e 1992.

O jornalista foi editor do Globo Repórter e do Jornal Nacional. Ele foi um dos primeiros jornalistas do país a se dedicar a questões ambientais e indígenas, tendo produzido documentários e lançados livros sobre os temas.

Nesse setor, recebeu diversos prêmios, como o Esso especial de Ecologia e Meio Ambiente (1992) e o Professor Azevedo Netto (2004).

Em 1976, Washington Novaes integrou o time de diretores do “Domingo Gente”, programa de entrevistas e reportagens criado para revelar ao grande público o lado interessante e inusitado de algumas pessoas.

Já em 1981, ele dirigiu o documentário “Amazonas, a pátria da água”, exibido pelo “Globo Repórter”. O programa ganhou medalha de prata no Festival de Cinema e Televisão de NY em 1982.

Na década de 1980, Washington viveu em completa imersão no universo dos povos indígenas do Xingu. A experiência gerou a série de não-ficção “Xingu, a Terra Mágica”, além do diário “Xingu, uma Flecha no Coração”.

“Chegar perto do índio, da cultura do índio, exige uma mudança radical de perspectiva, como se o olho passasse a ver pelo lado oposto, no sonho, no inconsciente. Entender o índio, entender a sua cultura e respeitá-lo, implica despirmo-nos desta nossa civilização. Porque o encontro com o índio é um mergulho em outro espaço, em outro tempo”, afirmou Washington ao lançar a segunda fase do projeto documental.

Mais de vinte anos depois, ele retornou para o local para um novo projeto. Em “Xingu, a Terra Ameaçada”, ele compara os dois tempos, mostrando a pressão do desenvolvimento econômico, além das mudanças culturais e ambientais. As duas obras renderam prêmios internacionais ao diretor e documentarista.

O jornalista foi responsável pela direção e roteiro da série documental “O desafio do lixo” que foi ao ar pela TV Cultura em 2001. Ele também escreveu o roteiro do filme Joana Angélica, lançado em 1979.

Novaes também é autor dos livros “A quem pertence a informação”, escrito em 1989, e “A década do impasse: da Rio-92 à Rio+10”, de 2002. Ao longo da carreira, Washington publicou mais de dez livros, boa parte deles focada no meio-ambiente e povos indígenas.

Em 2004, o jornalista foi o vencedor da categoria Meio Ambiente do Prêmio Unesco. Na ocasião, ele foi homenageado por seu trabalho de mais de 30 anos de intensa divulgação de ideias e alertas aos impactos da degradação ambiental.

Dez anos depois, Novaes foi promovido para a Classe Grã-Cruz na premiação da Ordem do Mérito Cultural, que prestigia segmentos como música, artes plásticas, audiovisual, literatura, culturas populares, entre outros.

Com informações de G1

Foto: amacaca

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode usar estas tags e atributos HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

*