O ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB), sai do governo amanhã, retornando ao Senado, depois da péssima repercussão das gravações que comprometem ele no processo do Lava-Jato.
Disse que vai se licenciar do cargo até o Ministério Público Federal se manifestar sobre as denúncias contra ele. Na prática, é quase certo que não volte, pois as acusações existem formalmente e a gravação vazada hoje é muito comprometedora.
Jucá tenta repetir episódio histórico ocorrido na década de 90, no curto governo do presidente Itamar Franco. Na época, houve acusação sem consistência contra o principal ministro, Henrique Argreaves. Este se licenciou momentaneamente e retornou poderoso, quando se confirmou sua inocência.
“Vamos aguardar a manifestação do Ministério Público com toda a tranquilidade, porque estou consciente que não cometi nenhuma irregularidade e muito menos qualquer ato contra a apuração da Lava Jato, apoiei a Lava Jato”, disse em entrevista no Congresso Nacional, após o presidente interino Michel Temer entregar a proposta de meta fiscal revisada.
“Enquanto o MP não se manifestar, aguardo fora do ministério. Depois disso, caberá ao presidente Temer me reconvidar ou não, ele vai discutir o que vai fazer”, afirmou.
O jornal Folha de S.Paulo publicou reportagem hoje (23) que diz que, em conversas gravadas em março, o atual ministro do Planejamento, Romero Jucá, sugeriu ao ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, um pacto para impedir o avanço da Operação Lava Jato sobre o PMDB, partido do ministro.
No período da licença, Jucá reassumirá o mandato de senador e permanecerá na presidência do PMDB. O Ministério do Planejamento ficará sob comando do secretário-executivo, Dyogo de Oliveira.
Romero Jucá disse que a decisão de se licenciar foi pessoal. Segundo ele, o presidente interino Michel Temer deu um voto de confiança, mas preferiu se licenciar para não ser usado “como massa de manobra” e “evitar que qualquer manipulação mal intencionada possa comprometer o governo.”