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abr 18 2016

O POVO BRASILEIRO É O MAIS CIVILIZADO DO MUNDO. NENHUM ESTRANGEIRO FAZ O QUE NÓS FAZEMOS SEM MORTES

Deus cansou de ser brasileiro, mas deve estar repensando esta decisão.

O povo brasileiro é maravilhoso, civilizado, único no mundo.

Desde junho de 2013, estamos nas ruas, em centenas de manifestações de grande porte – e não morreu ninguém.

A morte do cinegrafista da Band, num protesto em São Paulo, foi acidental. Ele postou-se no meio dos manifestantes e da PM e acabou atingido tragicamente por um sinalizador.

Nesses três anos, superamos até os alucinados black bloks. Eles sumiram das ruas brasileiras, substituídos por gente comum, famílias, mulheres, crianças, velhinhos, gente de cadeira de roda – de todas as tendências.

O reconhecimento vale inclusive para os de camisa vermelha. Na guerra de palavras, insinuou-se que os defensores do PT iriam explodir bombas, usar foices para cortar cabeças e comer criancinhas. Isso não aconteceu.

Ontem, eu havia prometido não ir à Esplanada. Abertamente, venho defendendo há meses a realização de eleições presidenciais, mas esta luta ainda não começou.

Acabei indo à Esplanada para proteger minha mulher, Márcia, ardente defensora do impeachment, e minha enteada Aninha. E foi tudo muito tranqüilo. Tomamos picolés a R$ 2,00 cada, de ótima qualidade.

O mais fantástico no Brasil é que posições divergentes, às vezes numa mesma família, são respeitadas. No nosso país, podemos pisar na grama, jogar papel no chão, falar alto, cuspir nas ruas, etc, mas em matéria de política não há povo mais civilizado no mundo.

Em nenhum outro país – nenhum! – um dia como ontem teria sido ultrapassado sem vítimas. Mais uma vez, fui testemunha dos fatos.

Na verdade, nunca houve um momento grave de Brasília no qual minha presença não acontecesse. Mergulhei em todos os furacões brasilienses nesses mais de 40 anos e sou parte das histórias.

Ontem, logo depois do almoço, cheguei na Esplanada pelo lado esquerdo, o lado petista. Estava com roupa neutra e pude circular livremente entre os “vermelhos”, muitos dos quais me reconheceram e me deram fortes abraços.

Vi na manifestação petista momento cívico emocionante. Três trios elétricos tocavam música popular brasileira de ótima qualidade, com excelentes cantores.

Havia nordestinos típicos, muitos barbudos no estilo Lula, grupos de índios, muita gente de pele negra, todos num clima alegre, humano, sem cenas de histeria nem de fanatismo. Nem mesmo os discursos que intercalavam as apresentações musicais saíam do tom.

Ao contrário do que se alardeou, a manifestação petista na Esplanada foi decente, dentro da lei e sem aparente infiltração de bolivarianos. E muita gente levava grandes bandeiras do Brasil, o que ajudava a suavizar o tom vermelho.

Depois de uma hora de caminhada, atravessei a cerca de proteção e fiquei até mais tarde na ala contrária. pró-impeachment, onde também havia muita gente.

A organização foi parecida. Potentes carros de som, música temática (sem MPB), muitas famílias vestidas de verde-amarelo, pouca gente de pele negra, telões para transmitir a sessão da Câmara, etc.

Devemos ter orgulho do povo brasileiro. Esta mudança que se processa na política, reforçada pela Operação Lava Jato, é cem por cento resultado das nossas mobilizações.

Os péssimos políticos que temos sabem que o povo acordou. E o mundo nos aplaudirá por isso, sem entender como uma sociedade pode ser tão civilizada num país de terceiro mundo, mal falado e ridicularizado em diversos momentos. (RENATO RIELLA)

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