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nov 17 2014

O QUE MAIS VAI NOS ACONTECER?

ALFREDO PRADO

O Brasil volta às páginas dos noticiários internacionais e, mais uma vez,  não pelas melhores razões.  Não se trata de qualquer catástrofe,  que pode ocorrer em qualquer ponto do planeta, nem sempre por incúria dos homens, ou de um dos frequentes massacres que se tornaram parte do dia a dia de violência nas grandes metrópoles do país.

Desta vez, os brasileiros são confrontados com um novo escândalo, cujos ingredientes – crimes financeiros, corrupção, lavagem de dinheiro, grandes empresas e cumplicidades políticas e partidárias – são uma mistura explosiva, cujas consequências, a prazo, ainda são difíceis de prever.

 

PETROBRAS É A DOR DE CABEÇA

A Petrobras, a estatal brasileira de petróleos, orgulho de governantes, apresentada frequentemente como um dos gigantes do setor,  é hoje uma das maiores dores de cabeça com que Dilma Rousseff se debate.

Dificilmente a presidente do Brasil assumirá o seu segundo mandato, no dia 1º de janeiro, com a pose majestática e sobranceira que lhe é peculiar. As promessas eleitorais de que iria fazer um governo novo, diferente, parecem esfumar-se com maior velocidade do que se poderia supor.

O governo atribulado que comandou ao longo dos últimos quatro anos, marcado pelas heranças de Lula, mas sem o brilho e a astúcia que o ex-presidente consegue imprimir à sua longa carreira política, deverá dar lugar a outro mandato não menos medíocre.

Mais ainda do que há quatro anos – quando o seu partido, o Partido dos Trabalhadores, ainda gozava de significativo crédito junto da população e no exterior, apesar do mensalão que correu sob os olhos de Lula -, hoje o PT de Dilma está visivelmente enfraquecido pelos resultados eleitorais e pelos escândalos que protagoniza.

A crise econômica internacional – a tal marolinha, ou seja, uma insignificante onda nas palavras de Lula, que estremeceu a União Europeia e abalou os Estados Unidos – chegou ao Brasil há muito tempo. A opção pela desonestidade política não possibilitou que o país se preparasse para a enfrentar.

Hoje, a realidade mostra um crescimento econômico pífio, quase inexistente, a indústria nacional em crise, sem competitividade, a inflação a corroer as expectativas dos trabalhadores e a sociedade a perder o pouco que restava de confiança nos governantes.

 

INVESTIGAÇÕES MOSTRAM OBSCURA CAVERNA

As investigações realizadas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, uma das poucas instituições  que os brasileiros ainda respeitam, e as delações feitas por alguns dos detidos na Operação Lava Jato, mostram que a Petrobras foi transformada numa obscura caverna onde se acoita um gigantesco polvo, cujos tentáculos envolvem executivos, grandes empresas, políticos e partidos beneficiários de um bilionário esquema de corrupção, subornos e lavagem de dinheiro.

Os receios de que o caso Petrobras se torne o maior escândalo do Brasil das últimas décadas começam a ganhar peso.

Na última sexta-feira, a publicação dos resultados trimestrais da Petrobras, a que a empresa, cotada nas bolsas de São Paulo (Bovespa) e de Nova York,  estava obrigada por lei, não foi cumprida.

 

BILHÕES FORAM DESVIADOS

Auditores procuram uma solução para explicar ao país e aos acionistas os bilhões que foram desviados e se perderam no ralo da corrupção, como afirmam os investigadores. Mais: em que condições e quem avalizou as anteriores auditorias de resultados?

Pois! Será que as contas estavam certinhas três ou seis meses atrás, ou mais atrás ainda?  Acredito que esta seja uma questão para a qual talvez não se venha a obter resposta satisfatória nos próximos tempos.

Os resultados deveriam ter sido publicados no mesmo dia em que cerca de 300 agentes da Polícia Federal e da Receita Federal desencadearam uma operação de grande envergadura, em vários estados, para prender, para interrogatório, dezenas de diretores e membros das presidências de algumas das maiores construtoras do país, como a Camargo Corrêa, a Odebrecht, a OAS, a Mendes Júnior e a Engevix, entre outras.

A partir de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte foram levados pela Polícia Federal para Curitiba, no Paraná, onde está o comando das investigações.

Eles são suspeitos de pagarem propinas (luvas) a altos funcionários da Petrobras para terem acesso aos negócios bilionários da petrolífera, abastecendo assim um “oleoduto” que, a par dos sobrefaturamentos de obras, enchia os cofres pessoais dos intermediários, de políticos e de partidos.

É neste cenário, a que se junta a difícil missão de contentar os apetites de poder de uma dezena de dirigentes e parlamentares de partidos da base aliada de Dilma Rousseff, do seu PT ao voraz PMDB, que a presidente do Brasil irá iniciar, dentro de mês e meio, o seu segundo mandato.

Até lá, as blindagens dos poderosos serão postas à prova. Até agora, exceptuando o caso do mensalão, têm mostrado inegável eficácia. (Do site Portugal Digital) 

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