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jun 08 2014

PAULO OCTÁVIO PRECISA ESQUECER O QUE APRENDEU COM SÉRGIO NAYA

RENATO RIELLA

O empresário Paulo Octávio, provavelmente o mais poderoso de Brasília, não pode apagar da sua história que passou quatro dias preso por ordem judicial.

Nesse caso, ele fez o contrário de Deus: escreveu torto por linhas certas.

Na campanha eleitoral de 1998, escrevi artigo, que ainda hoje permanece vivo, mostrando que a Ceilândia não tem cinema, shopping, cemitério… Não tem quase nada.

No ano passado, a Ceilândia teve a ilusão de ganhar um ótimo shopping, o JK, que na verdade fica em Taguatinga. No entanto, essa construção chegou cercada de tanto erro na estratégia de lançamento, que acabou levando à prisão o dono do projeto.

Os prejuízos são muitos. Um deles, ainda nem citado nem mensurado, é o uso da imagem do mito Juscelino Kubitschek numa proposta controversa, suspeita e denunciada pela Justiça. JK não merecia ser tratado de forma tão irresponsável.

Mas há muitos outros prejuízos. O centro universitário IESB instalou-se em prédio de três andares do Shopping JK e está sendo obrigado a redirecionar alunos para outras unidades e até devolver dinheiro da matrícula, porque seu prédio foi interditado junto com a prisão de Paulo Octávio.

Os lojistas que investiram milhões nesse empreendimento vivem apavorados. E a população da Ceilândia, mesmo sabendo que o shopping fica em Taguatinga, já está acostumada com a novidade, que representa fator de valorização da região.

Paulo Octávio acabou preso por ser desafiador. Ele lançou um prêmio de jornalismo com o seu nome. Comprou um partido no DF (o PP) e até apareceu na propaganda partidária, de forma pretensiosa, por coincidência quando estava preso.

Além disso, se posiciona de forma desafiadora em relação ao Ministério Público e à Justiça do DF, quando se sabe que responde a processos muito complicados na questão dos alvarás, mas também na Caixa de Pandora.

Não dá para esquecer do triste destino do empresário Sérgio Naya, um dos mais poderosos da história de Brasília, que morreu aos 65 anos de forma dramática.
Naya, sendo mais velho, foi o grande mentor de empreendedores do DF, entre os quais Paulo Octávio e Luiz Estevão, os quais também vivem ameaçados de prisão.

Se Sérgio Naya não fosse miserável, na origem do seu espírito, estaria hoje ainda vivo e poderia ser apontado como um empresário modelo. Na verdade, ele fez empreendimentos que valorizaram Brasília, ainda hoje presentes na vida da cidade.

No entanto, não esqueçamos que um empreendimento desse empresário riquíssimo desabou no Rio de Janeiro, deixando dezenas de famílias em situação de penúria.

Em vez de desembarcar no Rio com uma montanha de dinheiro para indenizar as vítimas, Sérgio Naya debochou dessas famílias e acabou preso, levado algemado num camburão, em cena horrível transmitida pelo Jornal Nacional.

Não há coração que suporte tanta humilhação. Sérgio Naya, um homem muito orgulhoso, acabou morrendo de repente, sozinho, no litoral da Bahia. E ninguém chorou por ele, pois não merecia nem pena.

Paulo Octávio tem chance de escrever uma história diferente. Não sei se ele tem consciência disso, mas no Brasil o principal fator de condenação, hoje, é imagem ruim. E o famoso P.O. , mesmo cercado de jornalistas que honraram o seu “prêmio”, tem uma imagem de vilão. Só falta que alguém diga isso a ele com todas as palavras.

Se Paulo Octávio não cercar toda a sua vida de novos cuidados, na reconstrução sincera da própria imagem, acabará como Sérgio Naya. Vale a pena?

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