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out 06 2014

PESQUISA REVELA TENDÊNCIA, MAS NÃO INDICA NÚMERO SEGURO

RENATO RIELLA

Mexo com pesquisas há mais de 30 anos, algumas vezes como cliente, mas na maioria das vezes como participante da operação.

Aprendi a definir que pesquisa é tendência, não devendo ser analisada friamente na comparação numérica, em termos absolutos.

Observando-se o conjunto das pesquisas divulgadas no primeiro turno da eleição, pode-se dizer que foram eficientes na constatação das tendências.

Antes de qualquer outra explicação, acho que existe picaretagem num caso ou noutro, mas a divulgação em paralelo inibe manipulações, pois hoje a concorrência é forte.

MARINA DESAFIOU AS PESQUISAS

Lembro que, quando Marina não conseguiu se candidatar, em julho, antecipei que seus 20% de votos seriam redistribuídos entre os diversos candidatos. As pesquisas indicaram que, de fato, Eduardo Campos (PSB) só absorveu parte dos percentuais cativos da Marina.

Quando Marina virou candidata (após o acidente fatal), as pesquisas foram justas ao indicar que ela estava recuperando seus 20% cativos.

Depois, o conjunto das pesquisas registrou que Marina começou a absorver votos de Aécio. Este foi ficando pequeno, pequeno e quase desapareceu. E Marina chegou a 40%.

De repente, as pesquisas tão criticadas nos alertaram que a curva ascendente de Marina estava parando e começou uma lenta curva descendente.

Analistas tentaram apresentar diversas hipóteses para isso, mas o fato é que, até o dia da eleição, Marina estava caindo de forma persistente.

Na reta final, foi dito que Aécio estava recuperando votos perdidos, até que conseguiu ficar no segundo turno, ultrapassando Marina, como as pesquisas anunciaram.

O percentual do Aécio foi superior ao previsto pelas pesquisas graças a um fenômeno que todos nós observamos nas nossas famílias, nos nossos trabalhos e nas ruas: muita gente, só na última hora decidiu votar no candidato do PSDB, que acabou chegando perto dos 35%.

Tudo isso as pesquisas indicaram, com erros numéricos proporcionados pela velocidade das mudanças.

DILMA, AÉCIO E MARINA EM POSIÇÕES CORRETAS

Nunca a pesquisa colocou Dilma, Aécio ou Marina em posição invertida em relação à realidade. Isso é o que vale.

Em termos gerais, levemos em conta que, nesta eleição, o voto indefinido permaneceu elevado até os últimos dias de campanha. Com isso, resultados anteriores eram distorcidos. Acabaram contrariados pela definição tardia de votos.

Na Câmara Legislativa do DF, por exemplo, observei em pesquisas sérias grandes mudanças, porque o eleitor começou a escolher candidato faltando dois ou três dias para as eleições.

Confio em pesquisa como instrumento de planejamento e de orientação, mas defendo que haja proibição de divulgação de resultados alguns dias antes da eleição (cinco a dez dias antes).

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