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dez 17 2017

Quem foi melhor, Renato ou Ronaldo?

crisMARCELO TORRES

O ex-jogador Renato Gaúcho, que ganha desafetos, mas não corre de briga, disse essa semana que, quando jogou, jogou melhor que Cristiano Ronaldo.

Hoje, depois que o Real Madrid venceu o Grêmio de Renato, e justo com um gol de Ronaldo, perguntaram a este o que ele achou da declaração.

“O que posso dizer?”, respondeu Ronaldo. “São coisas que nem merecem resposta, os números falam, há coisas que a melhor resposta é sorrir”.

Então riu e continuou respondendo: “Se ele pensa isso, o que posso dizer? Quando me contaram, fiquei curioso em conhecer o currículo dele”.

E concluiu, meio irônico: “Ele tem uma história bonita”. E mais não disse porque foi logo saindo, ajeitando o cabelo e se olhando no telão.

Quanto a Renato, poderia ter dormido – se é que ele vai dormir esses dias – poderia ter dormido sem ouvir essa resposta. Além da queda, o coice.

Mas essa coisa de quem foi melhor ou pior estará sempre, sempre no plano da subjetividade. Garrincha ou Pelé? Pelé ou Maradona? Maradona ou Messi?

Os números falam por si, mas só falam por si, não falam pelos torcedores, nem pelos secadores, nem pelos treinadores, nem por ninguém.

Meu Vitória quebrou a invencibilidade do Corinthians no Itaquerão lotado, mas o Corinthians acabou campeão e o Vitória quase foi rebaixado.

Na Copa do Mundo de 2002, o melhor jogador foi o goleiro alemão Oliver Khan, que engoliu um frango na final contra o Brasil (2a0).

Às vezes, o jogador que mais aparece é o que fez os gols, mas outro atleta, que não fez gol (não está nos números), pode ter jogado muito melhor que o artilheiro.

Hoje mesmo, o número foi este: 1 gol de Ronaldo. Mas este número não fala por si, pois o melhor jogador em campo foi, sem dúvida, o croata Luka Modric.

O zagueiro gremista Geromel, por exemplo, na partida hoje jogou melhor que Ronaldo, mas este foi quem venceu e fez o gol, e Geromel perdeu.

É claro que os números são importantes, mas eles não são as respostas definitivas. Paulo Coelho vende milhões de livros, mas não é o melhor escritor brasileiro.

O Padre Marcelo Rossi já foi o maior vendedor de discos do Brasil, mas não se pode dizer, pelos números, que ele foi o melhor cantor do país.

O Domingão do Faustão e o Big Brother Brasil são eternos líderes absolutos de audiência, mas nem por isso são os melhores programas de televisão.

Os livros que, pelos números, estão entre os mais vendidos, nunca estão entre os que são mais premiados pela qualidade literária.

Em resumo, números e méritos, assim como quantidade e qualidade, não são sinônimos, não significam a mesma coisa.

Não dá para comparar Renato e Ronaldo porque jogaram em tempos diferentes. Mas dá para dizer: Renato foi mais habilidoso, teve mais domínio do drible.

Já Ronaldo é mais completo, mais objetivo, tem oportunismo (às vezes é meio fominha), pega bem na bola e faz muitos gols, é recorde atrás de recorde.

Aí vem uma questão: e se Renato só tivesse jogado onde Ronaldo jogou e este só jogasse onde aquele jogou, será que essa história não seria diferente?

Difícil responder. Um é craque. O outro também foi. E são muito parecidos: vestem a camisa 7, foram vencedores e fazem muito sucesso entre as mulheres.

Eis aí uma briga de cachorros grandes…

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