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jul 05 2015

SERÁ QUE A IMPRENSA ESCRITA QUER SE SALVAR?

RENATO RIELLA

A expressão “imprensa escrita” sempre me pareceu redundante, mas passou a ser melhor aceita quando surgiu a “imprensa televisiva”. Agora, com a “imprensa digital”, a distinção é mais do que necessária. É fatal!

Neste momento, estamos observando grande pânico na imprensa escrita. O abalo é resultante da chamada crise econômica, mas também pela busca de um novo mercado, um novo perfil, que possa conviver com a convivência do Facebook, do Twitter, dos blogs e dos sites.

A chamada TV aberta também está sofrendo muito. Todos os jovens com quem convivo não usam mais este meio de comunicação, que precisará se repensar diariamente, até chegar a um novo nicho de mercado.  Qual? Qual?

UM CASO ARREPIANTE

No caso da imprensa escrita, há dois exemplos em minha mão, neste domingo, que mostram um grave erro e um ótimo acerto.

Há duas semanas, a revista Veja produz entrevistas de Páginas Amarelas de péssimo interesse para o seu público – e nada brasileiras.

O entrevistado da semana passada foi o célebre Umberto Eco, que falou muita bobagem. Ele navegou na contramão, ao dizer que a Internet é a terra dos imbecis. Virou um velhinho italiano típico!

Neste fim de semana, a Veja piorou. Perdeu as suas Páginas Amarelas com um astrofísico americano chamado Neil Degrasse Tyson, que só falou bobagem no ping-pong das respostas. Nada que melhore a nossa vida nem um milímetro.

O Brasil precisa ser discutido gravemente, mas jornalistas experientes jogam fora os seus espaços impressos com entrevistas como estas duas. Coitados! Não veem nada…

 

O CORREIO SAIU DA TOCA

Felizmente, nesta semana, a chefe de redação do Correio, Ana Dubeux, pessoalmente, saiu da mesa e fez a entrevista do ano (com duas repórteres no apoio), ao focalizar o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal.

Sem inibição, Ana editou muito bem o seu próprio material nas páginas 2 e 3 do jornal, em pleno domingo.

O famosíssimo primo do Collor está completando 25 anos no STF. Agora poderá ficar mais algum tempo, depois da Lei da Bengala, que admite a permanência no cargo até os 75 anos de idade. Ele disse aos leitores do Correio coisas brilhantes, que há muitos meses todos queremos ler (ou ouvir).

Marco Aurélio teve a coragem de afirmar que o rei está nu. Isto é: neste momento, Dilma Rousseff vive solitária, abandonada na torre do castelo, e isso não é bom para ninguém.

SUGESTÃO DE ÓTIMAS ENTREVISTAS

Veja, Correio, Estadão, Folha e Globo, principalmente estes, precisam abrir momentos para outras entrevistas magistrais, com gente inteligente, de alta credibilidade, contribuindo para a reconstrução do Brasil.

Ninguém agüenta mais Petrolão, Mensalão, Eduardo Cunha, Renan, Dilma, Lula, etc, manchetes depressivas e sem solução para os meus, os seus e os nossos problemas.

Sugiro alguns nomes para se ouvir nas Páginas Amarelas e nas páginas 2 e 3 do Correio – com Ana Dubeux entrevistando, é claro. Apenas para dar risada, passo pra ela a frase do folclórico Neném Prancha: “O pênalti é tão importante que deveria ser cobrado pelo presidente do clube”. É o caso!

HÁ GENTE DE VALOR NO BRASIL

Vejam só a sugestão. Quero saber o que Sílvio Santos faria hoje se assumisse o Palácio do Planalto. Gosto dele, confio nele e sei que SS sabe tudo – mas não tem tido oportunidade de dizer.

É o caso de Everardo Macial, meu amigo de Facebook. Ele dá pitacos cautelosos nos meus posts incendiários no Face, mas o Brasil espera ouvi-lo de forma mais consistente. Não se pode dispensar a análise aprofundada de Everardo. Diga tudo e não esconda nada, mestre do Latim e do Grego.

Teria muito orgulho de saber como Ivete Sangalo vê a “crise” brasileira. Da mesma forma, essa imprensa escrita, em busca desesperada de salvação, precisa ouvir o craque Zico, Bernardinho do vôlei, Zeca Pagodinho e Paulinho da Viola, pessoas acima de qualquer suspeita num Brasil enlameado.

Sugiro dois médicos, de exposição pública consistente: Dráuzio Varela e Fernando Maluf. Eles vivem arrepiados com o que acontece no nosso país. Mas o que podem fazer, além de falar?

Estamos carentes de padres e advogados. Faltam líderes nas áreas sociais. Não consigo citar um economista com visão prática do Brasil.

Há dois políticos de Brasília, Reguffe e Cristovam, que pelo menos são confiáveis. Por que não obrigá-los a pensar, em duas páginas da edição dominical?

Não me lembro de nenhum diplomata brasileiro que merecesse analisar as perspectivas nacionais. E não consigo citar nenhum intelectual denso e isento. Que vergonha, esta minha!

Entre artistas, acho que Fernanda Montenegro e Paulo José poderiam contribuir para o debate.

E assim vai.

SAUDADES DE DUAS NAMORADAS

Desculpem a pretensão de apresentar pautas para jornalistas bem sucedidos, bem remunerados e jovens, que hoje estão à frente dos ainda grandes veículos.

Sabem como é: coisas de velho, que tem saudades da Olivetti e da Remington, minhas doces namoradas…

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