Tomei uma sopa de noite no Girassol. Fila de seis pessoas para pagar.
Uma mulher meio velha, vermelhona (se eu escrevesse negona seria crime, pela Lei Afonso Arinos), falava, falava e falava – e disse: “Só sei que nada sei!”
Em seguida, a mulher atribuiu com firmeza a frase filosófica a Platão.
Timidamente, entre dentes, corrigi: “Sócrates!”
A vermelhona virou-se sem raiva e reconheceu: “Este aí! Este aí!”
A fila olhou pra mim, como se visse um professor de Filosofia, logo eu, pobre baiano da Pituba.
Fui embora pensando: Deus salve todos nós, que somos mesmo muito pequenos. (RENATO RIELLA)