RENATO RIELLA
Muitas e muitas vezes, escrevi aqui que a argumentação da Dilma Rousseff nos debates (e nos programas eleitorais) deixava o candidato tucano Aécio Neves fragilizado.
Os principais analistas políticos brasileiros trabalharam sem isenção nesta eleição. Eles sempre comemoravam, dizendo que Aécio havia aniquilado a adversária em cada debate. Mas o candidato tucano saía envenenado dos debates, com suas fragilidades reveladas.
Nunca defendi o voto em Dilma, até mesmo torcendo por uma renovação geral, mas essa renovação nunca veio nas argumentações do Aécio.
Dilma procurou mostrar sempre, de forma inteligente, que Aécio e os tucanos não eram melhores do que ela e do que o PT.
Citei aqui a falha do Cristovam Buarque na eleição de 1998, quando inundou a cidade com o adesivo “Honestamente Cristovam”. Na prática, a gente via, em quatro anos, que no plano da honestidade o governo Cristovam teve as falhas de todos os governos.
O “Honestamente Aécio” fracassou quando ele não demonstrou indignação ao ver o presidente já falecido do PSDB, Sérgio Guerra, acusado de receber milhões dos bandidos da Petrobras.
Parte dos eleitores (a maioria) raciocinou assim: se Aécio e o PSDB são iguais a Dilma e ao PT, por que não votar na Dilma?
A capa da Veja, golpista, está no mesmo nível da manchete da Folha, golpista, quando acusou, sem provas, Sérgio Guerra de corrupção.
Na hora de votar, o eleitor constatou outro golpe baixo dos tucanos, que deve ter revoltado muita gente: o insistente boato – logo desmentido – da morte do doleiro.
Agora poderá haver um terceiro turno em torno das apurações da Petrobras. Mas será que vinga?