RENATO RIELLA
Vejo na agenda de hoje do governador Agnelo Queiroz o registro de que vai sancionar, às 10h, a lei que regulariza clubes e associações do DF. Parece nada, um mero registro burocrático, mas trata-se de medida moralizadora, que poderá dar freio a grandes ações da bandidagem local.
Em Taguatinga, na Ceilândia, em Brasília e em outras cidades do DF, tubarões do ramo imobiliário estão se apossando de áreas originalmente destinadas a clubes sociais para produzirem empreendimentos imobiliários que lhes rendem milhões.
A sociedade vê as coisas acontecerem e não pode reagir, como não reagiu quando o antigo estádio Pelezão, depois de muita polêmica, virou condomínio residencial em área já conturbada por incríveis engarrafamentos.
Espera-se que, depois da lei sancionada hoje, o DF tenha proteção maior contra essas negociatas.
SODESO, UM CRIME
Venho acompanhando desde o início do ano um verdadeiro crime que se relaciona com o antigo clube Sodeso – Sociedade Desportiva de Sobradinho. Esse clube está instalado em área nobre de Sobradinho, avaliada em R$ 40 milhões, repassada em contrato da Terracap na década de 60 e com destinação específica.
No ano passado, uma nova diretoria decidiu restaurá-lo, mas restavam somente 30 sócios. Havia dívidas diversas, inclusive em cobrança no Tribunal Regional do Trabalho.
Por conta de uma dessas dívidas, da ordem de cerca de R$ 200 mil, um juiz trabalhista decidiu levar o clube a leilão. A diretoria, enredada por um advogado suspeito (Francisco, recentemente assassinado no Entorno), não tomou conhecimento dessa ação.
O resultado é que um empresário antigo de Brasília, de nome conturbado por episódios anteriores mal explicados, arrematou o clube em leilão por apenas R$ 2 milhões e está de posse da área.
A esperança, nesse caso, é que a Terracap consiga reverter a venda, pois a escritura é específica: a área, se não se destinar a clube, pode reverter ao patrimônio da Terracap.
Vimos nos últimos meses situação parecida ocorrer com a área do Taguatinga Clube, também sob poder de um elevado empresário da área imobiliária, em negociação feita no governo Arruda, e hoje com condomínio residencial em implantação.
Assim, a lei a ser sancionada hoje deve produzir resultados neste setor, pois há gente tentando enriquecer mais ainda a partir da ocupação de áreas que foram destinadas pelo Distrito Federal ao lazer inocente das famílias.