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jan 14 2015

ARTIGO: A VELHA TÁTICA DO BODE

PAULO R.G.JUCÁ

Chega a ser uma ofensa, a quem tem um mínimo de tirocínio, as declarações e até as medidas tomadas pelos governos diante de fatos divulgados amplamente na mídia. Antes do advento de novas tecnologias de informação esses fatos podiam ser “escondidos”até por muito tempo, mas agora são expostos de imediato. Basta nos lembrarmos das denúncias do norteamericano Snowden ou as  do criador do Wikileaks.

Aqui pela nossa terrinha não é diferente. A história dos governos durante os períodos de democracia que tivemos revela esse  folclore político e muitos jornalistas  registraram com maestria a  criatividade estatal.

Uma bem conhecida versão é a tática do bode, usada para distrair a opinião pública: cria-se algo inusitado (o bode) para atrair a atenção pública. Assim, ganha-se tempo para que o fato, muitas vezes grave, seja esquecido tanto na mídia quanto nos “papos” entre as pessoas.

Antes, as versões atingiam poucos grupos, que não se comunicavam com facilidade, mas hoje em dia são muito expandidas através das chamadas redes sociais. Tudo torna-se universal e se dificulta o esquecimento.

O chamado “petrolão” tomou conta do noticiário. A Justiça se destaca como a grande esperança para a maioria dos brasileiros, que são íntegros e se sentem ofendidos por tudo que  vem acontecendo.

Vemos o Legislativo inerte, até por conveniência, e o Executivo acuado, oferecendo resistência quanto à tomada de atitudes, de forma inexplicável, sob a ótica republicana. Ao mesmo tempo, a Economia do país vem descendo pela ladeira abaixo.

Este cenário e a importância da economia, atingindo diretamente às pessoas, criaram a oportunidade de se colocar um bode na sala: está na hora de  se  anunciar sacos de maldades, fazer com que as pessoas se preocupem com o seu bolso e esqueçam toda a roubalheira que ocorreu ou talvez  ainda esteja ocorrendo.

A primeira miragem veio através das medidas que limitam o gasto público. São corretas, sob a  visão de se limitar abusos que se avolumaram, mas seguramente tornam-se convenientes eleitoralmente, tais como o uso indevido  do seguro-desemprego.

Mas essas medidas são questionáveis quanto à alteração da responsabilidade das empresas, que passarão a pagar 30 dias e não 15, por ocasião de auxílio-doença.

O mais sugestivo de bode é a limitação das pensões. A justificativa são os casais em que um dos cônjuges é dito jovem, sob a alegação de que se avolumou esse gasto com as pessões. Assim, criaram-se regras extremamentes prejudiciais às pensionistas pobres e honestas (a maioria), muitas delas com filhos, ou seja, usaram uma exceção para justificar a regra geral.

Aliás, esse tema poderia ser mais debatido (gastos públicos, justiça social, medidas eleitoreiras e populismo) no Congresso. Esperamos que a nova legislatura seja mais atuante.

Como já foi muito dito, esperamos da Justiça, personificada pelo juiz Sérgio Moro, as ações que poderão promover uma grande mudança para o país.

Quanto aos poderes, suplicamos: menos bodes, por favor.

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