VÍTOR RAMALHO
O final de 2014 foi marcado no plano da economia mundial pela baixa muito significativa do preço do petróleo, o que se repercutirá negativamente nos países produtores com orçamentos sustentados em receitas elevadas provenientes da exploração dele.
Estão neste caso a Rússia, a Venezuela e alguns países africanos, entre os quais Angola.
A manter-se a baixa durante os próximos dois a três anos, como admitiu Putin, esses países terão não só de reescalonar os investimentos a um prazo mais longo, como diversificar o sistema produtivo.
Ao invés, os países com peso relevante na importação de petróleo, como é o caso de Portugal, verão as despesas orçamentais serem menores, com óbvias vantagens para o crescimento do produto interno bruto, logo para a economia.
A baixa do petróleo correu paredes meias com a notícia que os EUA e Cuba teriam chegado a bom termo nas negociações que concluíram pelo restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países.
Estes dois fatos, se outros não houvesse – e há – recolocaram o presidente Obama como um político de enorme dimensão na cena internacional, numa altura em que muitos analistas, depois do recente reforço dos republicanos nas últimas eleições para o Congresso e para o Senado, vaticinavam-lhe uma inevitável queda de influência.
2015 surge assim sob o quadro de uma nova realidade, econômica e política, à escala planetária, não se devendo nem podendo escamotear também o papel do Papa Francisco na denúncia das desigualdades, da austeridade que mata e da luta contra a pobreza e o desemprego.
Obama e o Papa Francisco foram, sem dúvida, as duas personalidades mais marcantes de 2014.
* Vítor Ramalho é o secretário-geral da UCCLA – União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa e assina quinzenalmente no site Portugal Digital a coluna “Observador Lusófono”.