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set 11 2014

COM ESTRATÉGIA MILITAR CONTRA “EI”, OBAMA BUSCA VOTOS PARA ELEIÇÕES LEGISLATIVAS

LEANDRA FELIPE

O plano anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na noite dessa quarta-feira (10),  além do objetivo de “aniquilar” a milícia extremista muçulmana, autodenominada Estado Islâmico (EI), busca responder às críticas internas que recaem sobre a política externa de seu governo.

O momento escolhido – dois meses antes das eleições legislativas e após a decapitação de dois jornalistas americanos pelo grupo – mostra, na opinião de analistas, que Obama tenta manter o apoio do eleitorado e unir republicanos e democratas, em nome de uma causa comum.

Em entrevista à Agência Brasil, o historiador americano Daniel Pipes, especialista em Oriente Médio, disse que a política externa é uma das principais fraquezas da administração de Obama, sobretudo a resposta dele aos conflitos do mundo árabe.

Segundo Pipes, o EI faz parte de um fracasso maior, que transcende a gestão de Obama. “Mesmo assim, ele é o presidente agora e tem dois meses até as eleições para agir em favor dos democratas e não perder apoio no Senado”, avaliou o historiador, diretor do Fórum sobre Oriente Médio.

Pesquisas de opinião divulgadas por jornais norte-americanos ao longo desta semana revelam que seis em cada dez americanos apoiariam uma ação militar contra o EI.

Wall Street Journal divulgou ontem (10) levantamento, mostrando que 61% da população do país veem a possibilidade de intervenção contra a milícia como uma ação de “interesse nacional”. Outros jornais locais chegaram a publicar que mais de 75% da população são favoráveis à medida.

As eleições legislativas, em novembro, são muito importantes para o governo Obama, porque renovarão todas as 435 vagas da Câmara dos Deputados e 35 das 100 cadeiras do Senado.

Atualmente,  os democratas (que apoiam Obama)  compõem a maioria no Senado, com 53 senadores, além de 45 republicanos e dois independentes.  Na Câmara, a maioria é dos republicanos, que têm 233 deputados, contra 199 democratas.

Com reformas importantes para votar, como a do sistema de saúde e a nova Lei de Imigração, Obama precisa manter maioria no Senado e tentar aumentar a base na Câmara dos Deputados. “Sem maioria, o governo Obama pode ficar bastante enfraquecido nos dois anos finais de seu mandato”, comentou um diplomata brasileiro que acompanha as eleições internas nos Estados Unidos.

A imprensa local também avalia o anúncio do plano contra o Estado Islâmico como uma tentativa de Obama de se aproximar do eleitorado e de eleger um tema que o coloque em uma posição suprapartidária, já que a agenda antiterrorismo pode agradar eleitores liberais ou conservadores.

Além disso, o fato de o presidente não enviar “soldados” não desgasta seu discurso anterior, que falava em diminuir a ação militar direta e vinha ordenando a retirada de tropas terrestres da região.

Daniel Pipes disse que na luta contra o EI, o presidente articula para conquistar aliados de diferentes países, inclusive dentro do mundo árabe. “Existe uma aliança anti-EI natural neste momento”, diz .

—Leandra é Correspondente da Agência Brasil/EBC nos EUA

 

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