RENATO RIELLA
Brasília foi a cidade escolhida para sediar as Olímpiadas Universitárias de verão, a Universíade, em 2019. O anúncio, feito em Bruxelas, na Bélgica, foi acompanhado pelo governador Agnelo Queiroz, que retorna neste início de semana ao DF.
A competição acontece a cada dois anos e deve reunir cerca de 12 mil atletas, com idade entre 17 e 28 anos, de 166 países. É o maior evento esportivo universitário do mundo. Os jogos acontecem desde 1923 e foram sediados apenas uma vez no hemisfério sul, em 1963, em Porto Alegre (RS).
A proposta é que, além das 17 modalidades obrigatórias, a edição brasiliense inclua futebol de areia, futsal, triatlo, vela e vôlei de praia.
A próxima edição, em 2015, terá como sede a cidade de Gwangju, na Coreia do Sul. Dois anos depois, a Universíade será realizada em Taipei (Taiwan).
GRANDES EVENTOS INTERNACIONAIS
NO BRASIL DESPERTAM MUITO DEBATE
O Brasil passou a sediar grandes eventos internacionais, como Copa das Confederações, Jornada Católica da Juventude, Rock in Rio, Copa do Mundo, Olimpíadas de 2016 (todos esses no Rio) e agora a olimpíada universitária em Brasília.
Até o momento, não houve uma discussão séria sobre os resultados da conquista desses eventos para o povo brasileiro. Pelo contrário, vê-se uma discussão baixa, partidária e eleitoral, na qual os governistas assumem um discurso ufanista. E os oposicionistas dizem que a economia brasileira será abalada por tantos gastos.
Nas ruas, extremistas alegam que bilhões gastos em praças de esporte reduzem verbas para transporte, saúde, educação e segurança.
Na verdade, tanto o governo como a oposição não nos abasteceram com informações consolidadas para que, com equilíbrio, os brasileiros esclarecidos possam assumir uma postura mais complexa sobre o assunto.
Vêm aí as eleições de 2014 e espero que o tema seja amplamente discutido nos debates. A questão do legado é levada na brincadeira, pois os estádios, na maioria, se transformarão em elefantes brancos.
Vimos que todos os bilhões gastos no Pan, em 2007, foram para o lixo e até o estádio Engenhão, que parecia ótimo, no Rio, virou um problema, ameaçado de desabar na cabeça dos torcedores.
Trazer a Universíade para Brasília é uma decisão política de alto risco para o governador Agnelo, que terá de explicar muito bem essa decisão durante a campanha eleitoral. Vamos ver como isso evolui. Não dá para prever nada.
No caso específico de Brasília, a questão básica será o comportamento da cidade nos sete jogos da Copa do Mundo. Há muitas perguntas no ar.
O Aeroporto JK vai funcionar bem? O Estádio Mané Garrincha terá água quente nos banheiros dos jogadores? O público vai mesmo lotar o estádio nos sete jogos? A rede hoteleira vai conseguir atender os torcedores nacionais e internacionais? E muitas outras dúvidas.
O Brasil é um país em debate e certamente teremos outra leva de manifestações de rua no próximo ano. Assim, se o marketing da Universíade não for muito convincente, certamente haverá faixas e cartazes contra essa conquista do governo Agnelo.