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nov 10 2013

PAULO OCTÁVIO ABUSA DA SORTE, MAS UM DIA A CASA CAI

 RENATO RIELLA

Se o empresário Paulo Octávio tivesse algum conselheiro prudente, teria recebido a orientação de ficar fora da política. Na verdade, há algumas semanas, ele andou falando que cuidaria exclusivamente dos seus negócios, mas caiu em tentação e pagará preços muito caros por isso.

Avaliação semelhante vale para muitos políticos, entre os quais José Roberto Arruda, Gim Argello, Joaquim Roriz, Benedito Domingos, Roney Nemer e outros que estão passíveis de condenação em esferas diferenciadas da Justiça.

Todos esses e muitos outros, se tentarem ser candidatos em 2014, estarão provocando o Ministério Público, os tribunais, a polícia, a opinião pública e até a chamada Justiça Divina. Vão dançar!

Paulo Octávio já dançou, mas exagerou nas provocações. Todo mundo sabe que ele está passível de ser considerado inelegível em 2014, pois em 2010 renunciou ao cargo de governador (havia sucedido ao famigerado Arruda), para evitar um processo de impeachment na Câmara Legislativa. Este é um claro fator de inelegibilidade na Lei da Ficha Limpa.

Além disso, a acusação feita contra Paulo Octávio na chamada Caixa de Pandora, pela Procuradoria Geral da República, é assustadora e lembra muito o processo de José Dirceu e sua reconhecida quadrilha.

Contra Paulo Octávio (e contra Arruda), a PGR diz que os dois estão incursos nos seguintes casos criminais:

a.1.1) no art. 333 do Código Penal (corrupção ativa – episódio de 2006);

a.1.2) no artigo 1º-V e VII da Lei 9.613/98 (lavagem de dinheiro – episódio 2006);

a.1) na forma do artigo 70, caput, segunda parte, do a.2) na forma do artigo 70, caput, segunda parte, do Código Penal (concurso formal impróprio):

a.2.1) 33 vezes, em crime continuado, no art. 333 do Código Penal (corrupção ativa – entre fevereiro de 2007 e outubro de 2009); e

a.2.2) 33 vezes, em crime continuado, no artigo 1º-V e VII da Lei 9.613/98 (lavagem de dinheiro – entre fevereiro de 2007 e outubro de 2009).

Mesmo assim, Paulo Octávio acredita na impunidade vigente no Brasil e decidiu ser candidato em 2014 (não se sabe a qual cargo, ainda).

Ele estava ainda filiado ao DEM, embora tenha garantido publicamente, em 2010, que teria se desfiliado desse partido. Numa solenidade pública, entregou a carta de desfiliação ao presidente da legenda, o também famigerado Rodrigo Maia, que participou de uma farsa, engavetando o documento.

Mas Paulo Octávio agora repudiou o DEM e fez uma negociação (não se sabe em qual moeda),  comprando o partido PP no DF. Vale-se do apodrecimento do dono do partido em Brasília, o deputado distrital Benedito Domingos, condenado pela Justiça e passível até de prisão. Antes, criou crise interna no PR, tentando negociação com o quase presidiário Valdemar Costa Neto, que acabou fechando negócio com Arruda, hoje o dono do partido no DF.

A compra do PP fez que Paulo Octávio se aproximasse do governador Agnelo Queiroz. Colunas políticas do DF chegaram a dizer que o novo dono do PP poderia indicar o secretário de Desenvolvimento Econômico do DF. Esta era a realidade da semana passada.

Esta semana, depois do escândalo dos alvarás, que motivou a prisão dos administradores regionais de Águas Claras e Taguatinga, espera-se que o governador Agnelo arrefeça na decisão de abrir o seu governo para Paulo Octávio.

Não podemos esquecer do governo Arruda, quando o então governador e o seu vice produziram escândalos na entrega de terrenos do Pró-DF. Imaginem se essas situações escabrosas se repetirem no governo Agnelo!

Assim, teremos uma semana curta (sexta é feriado), mas quente. O que fará Agnelo na volta a Brasília nesta segunda?

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