LEONARDO MOTA NETO
Um elogio a Dilma Rousseff. Uma presença digna, altiva, conforme o que o momento exigia.
Na Conferência das ONU sobre o Acordo de Paris, esta manhã, a presidente brasileira teve uma aparição marcante, para quem é dada como em fim de governo.
Há de ter desagradado a seu partido, o PT, que dela certamente esperava que empunhasse a bandeira anti-golpe sangue e a retórica odienta da revanche.
Que levasse ao plenário mundial da ONU a disputa doméstica e apequenada com Eduardo Cunha.
Que arrancasse dos presidentes do continente palavras de solidariedade do tipo denúncia ao mundo das “atrocidades cometidas pela oposição brasileira até hoje inconformada com o resultado das urnas, em conluio com a mídia comprada, a elite golpista, à Câmara dos Deputados que no domingo envergonhou o Brasil, e aos vingativos, conspiradores e corruptos, Temer e Cunha”.
Era exatamente esse o tom do discurso que o PT de Rui Falcão e o enclave bolivariano no governo esperavam que se pronunciasse no maior palco do mundo. Mas Dilma não fez.
Preferiu ser estadista, não petista. Seguiu a tradição de Oswaldo Aranha na mesma ONU.
Quando deixar o governo, mesmo debaixo de um impeachment aprovado pelo Senado, pelo menos positivou uma derradeira marca internacional de honra.