O desabamento da plataforma da Galeria dos Estados, afetando as pistas do Eixão, foi amplamente divulgado e previsto por mim, em 2011, no primeiro ano do governo Agnelo, quando trabalhei para o Clube de Engenharia de Brasília.
O então presidente do Clube de Engenharia, João Carlos Pimenta, me disse: “Entre as obras condenadas de Brasília, a pior é a plataforma da Galeria dos Estados, que devia ser interditada desde já, porque vai desabar”.
Perguntei em que tempo. Ele explicou que podia ser agora, daqui a um ano, daqui a cinco anos, mas todas as características de um desabamento estavam claras. Durou sete anos…
Pimenta é um dos maiores especialistas do Brasil em estruturas desse tipo. Daí, levei ele ao administrador de Brasília da época, Messias de Souza, que ouviu o relato. Ficou preocupado, passando o alarme para as áreas técnicas. Mas nada aconteceu.
Consegui que o presidente do Clube de Engenharia desse entrevistas em TV e jornais sobre o assunto, na época alertando a cidade para o perigo.
Pouco depois, deixei de trabalhar para o Clube de Engenharia e esqueci desse assunto. Já havia cumprido meu limitado papel de alertar para um problema grave…
No domingo, quando houve o desabamento da garagem do prédio na Asa Sul, voltei a lembrar do alerta do Pimenta para diversas obras de Brasília.
E hoje, minutos antes do desabamento, numa conversa escrita com o jornalista William França, disse a ele que a Galeria dos Estados iria desabar.
Pouco depois aconteceu. William França, estarrecido, está espalhando este depoimento em diversos meios.
Este caso trágico já aconteceu. Vale a pena ver com o Clube de Engenharia os outros, que acontecerão.
Sessenta anos depois, Brasília está se dissolvendo e não se previne.
A propósito, o governador Rollemberg visitou o local do desastre e quase foi agredido. Está pagando pela sua inércia e pela irresponsabilidade dos demais governadores.
(RENATO RIELLA)