FRANCISCO SEIXAS DA COSTA
É muito curiosa a atitude de “espanto” de alguns poderes europeus quando confrontados com a “evidência” da espionagem americana no seio das suas estruturas, como agora sucedeu em França. Há meses foi Angela Merkel a protestar, antes fora Dilma Rousseff
Pressionados pelas opiniões públicas ou por alguns políticos mais vocais, as chancelarias afetadas reagem sempre com “indignação” a esta intrusão, a qual, na generalidade dos comentários, se afigura contrastante com “as excelentes relações de cooperação e amizade” existentes entre os EUA e esses Estados.
Como é obvio, os americanos, apanhados na tramóia, pedem desculpa, fazem um ato de contrição e… olham para o outro lado, deixando a NSA atuar. Até à próxima revelação, claro.
O que mais surpreende nas reações em face destas “revelações” é que a opinião publicada ainda lhes confira alguma importância. É que só uma grande ingenuidade pode fazer crer que se tratou de uma “surpresa” para alguém que os EUA andem a espiolhar os seus aliados. Há pilhas de livros que provam que, desde sempre, Washington sempre fez isso com regularidade.
Mas também é mais do que óbvio que outros países, com maior ou menor sucesso, tentam a todo o custo obter informação classificada alheia e que, sem ser necessário dizê-lo, este jogo “do gato e do rato” é uma rotina vetusta nas áreas da “intelligence” internacional. Isto é surpresa para alguém? Não brinquem…