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jul 28 2018

HISTÓRIA SURREAL DA LOURA SENTADA EM CIMA DA MALA AZUL TIFFANY

Se você tiver antenas ligadas, a vida é surreal. Tenho DNA de repórter e recolhi mais uma história muito doida.

Trabalho quase sempre no Núcleo Bandeirante (Polo Bernardo Sayão). Há dez dias, almocei num restaurante local. De saída, vi uma cena estranha no balão de entrada do Núcleo.

É uma rotatória sem vegetação, elevada, de mais ou menos dez metros. Às 14h, uma mulher loura, bem vestida, estava no local, em destaque, sentada em cima de uma grande mala cor azul tiffany, de boa qualidade.

Passei por lá e trabalhei a tarde toda. Às 18h, quando vim para Brasília, a mulher ainda estava lá. Trânsito complicado, não consegui nem mesmo reduzir a marcha. Achei muito estranho! Quatro ou cinco horas em pleno sol, sentada numa mala? Por que?

Alguns quilômetros adiante, parei o carro e resolvi ligar para o fone da PM, o 190. Me atendeu um homem com jeitão de militar. Expliquei o caso e comentei: “Vale a pena ver. Parece alguém com surto mental ou algo assim”.

O PM concordou, mas pediu minha compreensão, dizendo uma coisa horrível: “Estamos trabalhando sem qualquer comunicação. Sua queixa será registrada em papel e repassada quando a gente puder fazer isso”. Outro fato surreal!

Fui embora, intrigado. No dia seguinte, a mulher não estava mais lá. Esqueci o assunto.

Na última quarta-feira, quase uma semana depois, a tal loura voltou a ocupar o balão de entrada, na hora do almoço. Muito ocupado, passei por lá e ri do inusitado da situação. No início da noite, indo embora, vi novamente a estranha figura. Agora vou conferir!

A duras penas, parei o carro em frente à garagem de uma casa, bem no início do Núcleo. Saltei e fui em direção ao balão. Coloquei discretamente R$ 70,00 no bolso da calça. Atenta, a mulher levantou-se da mala azul e fez sinal para mim, dizendo que ia atravessar a rua.

Aproximou-se. Perguntei o que estava acontecendo. Vi que se tratava de alguém em bom estado, 40-50 anos, bonita, com pele queimada pelas horas de sol, bem vestida, de sapato baixo e riso amplo.

Explicou. “Sou do interior de São Paulo. Trabalho em terapia de casais. Morava com meu pai, policial. Ele morreu e meus irmãos tomaram tudo o que era nosso. Decidi vi tentar a vida em Brasília”.

-E por que você está dando plantão nesse balão de entrada?

-Para ver se alguém se interessa pelo meu caso.

-E alguém se interessou?

-Além de você, só um cara que gritou “sai daí sua puta!”

Perguntei como podia ajudá-la. Disse que, no momento, precisava mais do que tudo de R$ 70,00 (quantia exata) para pagar um quarto onde estava dormindo.

Já aconteceu coisa desse tipo comigo antes…justamente R$ 70,00! Repassei o dinheiro à loura chamada Melissa.

Passei também meu email pessoal (que é público) e pedi que me enviasse material sobre o trabalho de terapia de casais. Mas não recebi nada. E ela sumiu do balão do Núcleo. Deve estar buscando opção de vida. Tentei fotografá-la, mas sumiu de repente, com mala e tudo.

Assim, ganhei uma história maluca pra contar.

Se você encontrar uma loura bonita sentada na mala azul tiffany, num balão de trânsito, saiba que se chama Melissa e é especialista em terapia de casais. Pode ser útil nesta fase tão louca da vida brasiliense. (RENATO RIELLA)

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