RENATO RIELLA
Vamos tentar ser didático, para entender o que representa a enchente que atingiu Brasília. Imaginem se Silvester Stalone fosse flagrado numa sauna gay, de calcinha. Ou se, de repente, a gente soubesse que Juliana Paes é banguela, sendo fotografada sem dentadura. Coisas tipo “meu mundo caiu”.
O mundo de Brasília caiu, sem que tivéssemos passado por furacão, nem por tsunami, e sem a existência de qualquer Tietê por aqui. A gente achava que Brasília era imune a tudo isso. Porém…
E como podemos medir o desgaste do governador Agnelo Queiroz com esse incidente (não podemos nem chamar de acidente, pois ninguém morreu)?
Vejam só um exemplo: minutos depois do alagamento da W3, já corria pelo mundo, via redes sociais, uma foto trabalhada por artista eletrônico destacando um submarino ao lado de carros submersos.
Horas depois, diferentes fotos da modelo Nana Gouveia dentro da água brasiliense corriam nas redes internacionais. Nana é aquela aproveitadora que se deixou fotografar pelo marido em Nova York, tentando “faturar” as imagens do furacão Sandy.
Hoje de manhã, uma foto incrível, trabalhada por outro hacker, mostrava um transatlântico singrando as águas da W3 e produzindo ondas em direção aos carros submersos.
Constatei que uma dessas fotos, horas depois da enchente, já havia passado por 900 compartilhamentos no Facebook. Muitos dirão: o que é compartilhamento? Trata-se da multiplicação absurda dessa imagem, podendo atingir milhões de pessoas.
A verdade é que gente de todo o mundo está curtindo essa não-tragédia brasiliense, dando risada da multiplicação de imagens ridículas que deixam Brasília nivelada a cidades dominadas por enchentes, desabamentos, mortes e dramas.
Não dá para desprezar as redes sociais. O governo Agnelo deu azar de sofrer esse ataque cibernético espontâneo, que nem pode ser associado a Reguffe, Rollemberg, Cristovam, Rogério Rosso, Arruda ou Roriz. Esses estão tão atrasados tecnologicamente quanto qualquer político “bem sucedido”.
O bombardeio veio do nada. Veio de gente comum, de pessoas sem ligação partidária, que fotografaram a enchente da janela do trabalho e piratearam imagens da internet para produzir criações de hacker que arrasam qualquer governo.
Agnelo Queiroz deu um show na CPI do Cachoeira. Agora, precisa dar um show no Facebook e no Twitter. Mas como fazer isso? Só contratando hackers e pedindo a São Pedro para fechar as torneiras do céu.
