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maio 18 2013

O POVO QUER SABER O QUE O GOVERNO PENSA SOBRE A REFORMA DOS PORTOS

RENATO RIELLA

No Facebook, um jornalista contou história interessante (acho que foi Tão Gomes Pinto). Disse que Jânio Quadros, quando prefeito de São Paulo, queria eleger Silvio Santos para ser seu sucessor. Marcou um jantar com ele e foram conversando. Em determinado ponto, Jânio perguntou a Sílvio: “E como o senhor pretende aprovar na Câmara de Vereadores os projetos mais importantes da sua gestão?”

O homem de TV empostou-se e disse: “Os projetos apresentados serão realmente importantes e por isso todos os vereadores deverão mesmo aprová-los”.

 Depois disso, Jânio mandou servir o jantar e nem falou nada sobre candidatura. Sílvio seria sempre um bom homem de TV.

A analogia se aplica à presidente Dilma, que tentou impor um projeto de reforma dos portos à Nação no estilo Sílvio Santos. Jânio, que renunciou à Presidência da República porque se sentiu impotente para enfrentar um Congresso Nacional de raposas felpudas, teria pena dela se estivesse vivo.

Graças à grande cobertura que a TV Globo deu à crise dos portos, na exportação de soja e outros produtos, todos sabemos que a proposta de Dilma Rousseff é importante. Só não sabemos ainda qual foi e qual é a proposta. Isso porque ela, tal como Sílvio Santos, encastelou-se na sua auto-certeza e não tentou vender suas “ideias geniais” para ninguém.

Por que a presidente Dilma não deu uma entrevista coletiva à imprensa sobre a reforma dos portos? Por que não enviou a sua proposta por meio de projeto de lei, em regime de urgência, em vez de usar a figura desgastada da medida provisória?

Porque ela vive no estilo Sílvio Santos de se relacionar com o Legislativo, onde se exige negociação, entendimento, pressão da opinião pública, pressão das áreas empresariais organizadas, etc. Não se aceita governo administrativo.

 

MUITOS OUTROS PAÍSES

OPERAM MELHOR DO QUE O BRASIL

Hoje, qualquer brasileiro bem informado sabe o que o Brasil precisa em matéria de portos. Todos sabemos que as condições de muitos outros países exportadores, nessa área, são mais favoráveis.

No Brasil, a filosofia de portos estatais fracassou. São estruturas atrasadas tecnologicamente. A administração de mão-de-obra vive sob chantagem dos sindicatos e encarece todas as operações. A presença do Estado, no que se refere a fiscalização e tarefas alfandegárias, é precária (como também nos aeroportos).

Tudo isso seria fácil de explicar numa entrevista coletiva, inclusive mergulhando-se numa discussão nacional sobre a privatização corajosa dos portos, tal como já aconteceu em muitas outras áreas (inclusive aeroportos).

Mas, não! Optou-se por uma medida provisória que saiu desfigurada do Congresso e despertará desgastantes vetos da presidente Dilma.

A propósito, ainda dá tempo de abrir uma discussão democrática com a imprensa, sujeita a todo tipo de pergunta (até mesmo a perguntas burras de eventuais repórteres despreparados).

O Brasil quer saber o que o governo pensa sobre os portos, pois este assunto ainda é uma caixa-preta. A única coisa que sabemos é que a China e outros países suspenderam compras brasileiras, pois a gente não foi capaz de embarcar os produtos comprados. Vergonha!

 

 

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