RENATO RIELLA
Abram a cabeça para uma análise surpreendente. Aliás, este BLOG sempre nada contra a torrente.
O fato é que a chamada oposição brasileira está apavorada com a despencada da presidente Dilma nas pesquisas e tenta botar panos quentes explícitos na crise – inclusive na crise econômica. Sabem por que?
Todos eles – Marina, Aécio, Eduardo Campos, até os candidatos evangélicos – morrem de medo da volta do Lula.
Interessa à oposição levar o governo Dilma no banho-maria até o próximo ano, desfechando ataques de esvaziamento da administração dela somente no período eleitoral.
O PROBLEMA BRASILEIRO
É POLÍTICO, ESTÚPIDOS!
No Brasil, hoje, temos mais analistas econômicos do que experts em futebol (antes, havia um Telê em cada esquina). Todos esses não levam em conta que o nosso problema é político.
A rigor, afastada a crise política, não temos crise assustadora nenhuma. A safra será super. O PIB crescendo acima de 2% é superior ao da Europa e ao dos Estados Unidos. As exportações estão reagindo e não teremos o déficit comercial, que chegou a ser aventado pelos catastróficos. O desemprego pode subir, mas não vai explodir.
Há muitas questões críticas na economia, mas nesse momento o que pesa é a falta de vontade (ou de vocação) da presidente Dilma para liderar.
O Brasil é um país aberto a palavras de ordem. Um dos exemplos mais dignificantes de mobilização popular, no Ocidente, foi dado pelos brasileiros, no governo FHC, quando cada um de nós se conscientizou para superar o apagão elétrico. Lembre bem como ficamos preocupados e como nos readaptamos, sem revolta, reduzindo o consumo em todos os níveis.
Vale lembrar também do Plano Real. E até do absurdo que foi o confisco da poupança pelo famigerado Fernando Collor. Em todos esses casos, houve um brado de liderança que nos fez suportar apertos no cinto e na barriga.
Na crise econômica mundial de 2007/2008, o então presidente Lula blefou, dizendo que por aqui passaria uma marolinha. Ele pediu que a gente vivesse na normalidade e até incentivou (de forma irresponsável) o consumo. Por linhas tortas, Lula acertou e o Brasil pouco sofreu, sendo exemplo mundial.
QUEM NÃO ENTRA EM BOLA
DIVIDIDA NÃO GANHA JOGO
A presidente Dilma evita se expor. Não entra em bola dividida e só dá bicuda ao inaugurar estádios bilionários. Ela não negocia diretamente a reforma do ICMS, nem uma possível economia no consumo de energia elétrica – entre muitos outros assuntos.
Assim, a oposição percebe que existe enorme brecha política no alto comando brasileiro, mas teme o Lula. Tudo, menos este ex-presidente de nove dedos metendo as duas mãos de torneiro na política.
NÃO ESQUEÇAM O QUE ACONTECEU
NA CRISE DO MENSALÃO, EM 2005
Na crise do Mensalão, nos anos de 2005 e 2006, aconteceu episódio que serve de exemplo para os analistas (até para os analistas econômicos). Naquela oportunidade, havia clima favorável ao impeachment do presidente Lula. A opinião pública suportaria o afastamento do segundo presidente (o primeiro foi Collor) e a oposição se organizou para dar o golpe fatal.
Sabem por que PSDB, DEM e outros recuaram? Porque sentiram que, com o Lula, poderiam ganhar as eleições de 2006. Eles temiam entregar o poder de bandeja ao vice José Alencar, que certamente se tornaria dentro de pouco tempo um presidente de grande liderança, novo JK.
Não contavam com a recuperação inacreditável do Lula, que foi mantido artificialmente no governo, aos frangalhos, e conseguiu se reeleger com grande dificuldade.
Agora, os oposicionistas pensam da mesma forma. Para eles, é mais fácil disputar a eleição com Dilma em 2014, do que arriscar a volta do Lula aos palanques como candidato.
Por isso, ninguém espere ver Aécio Neves falando dos riscos de um fracasso retumbante do atual governo. Além do mais, ele é mineiro.