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out 14 2013

PRÊMIO NOBEL LEMBRA DAS ARMAS QUÍMICAS E ESQUECE MALALA

PAULO TIMM

O Prêmio Nobel foi instituído pelo inventor da dinamite como um contraponto humanístico do poder explosivo de sua descoberta.  De todos eles, o Nobel da Paz sempre cumpre um papel importante, ao destacar personalidades ou instituições que se destacaram na luta pela preservação da paz no mundo.

Em alguns casos, como na concessão do Nobel da Paz para o secretário de Estado americano Henri Kissinger, um verdadeiro promotor de guerras com o objetivo de preservar a hegemonia americana, o Prêmio sofreu severas críticas. O mesmo ocorreu com o Nobel da Paz para o Presidente Obama, logo depois de sua eleição. Foi considerado prematuro, o que hoje se confirma.

Neste ano, quando se celebram os 50 anos da outorga do Nobel para o Pastor Luther King, grande líder da luta pelos Direitos Civis nos Estados Unidos e principal promotor da Marcha de um milhão de americanos sobre Washington, em 1963, o Prêmio foi dado à uma instituição: a Opaq (Organização para a Proibição das Armas Químicas).

Trata-se de um reforço do Comitê do Nobel no sentido de valorizar não pessoas, mas associações de pessoas, tal como já fez no ano passado – 2012 – ao premiar a União Européia.

A Opac é, naturalmente, digna do prêmio, pela sua luta contra a disseminação de armas químicas no mundo, justo no momento em que está chamada a desmontar o arsenal químico sírio, como requisito da suspensão de bombardeios sobre aquele país.

Não obstante, grande parte da opinião pública mundial esperava que o Nobel da Paz fosse concedido à jovem Malala, a paquistanesa que foi ferida pelo Talibã por insistir em freqüentar a escola, tendo sobrevivido e se tornado um ícone da luta pelo direito das mulheres no Oriente Médio.

Ela própria, porém, se manifestou cumprimentando o Comitê pela escolha da Opac. Com isto, mantém sua candidatura para o próximo ano. Particularmente, teria preferido que a escolha tivesse recaído sobre ela. Seria mais universal, sem perder a oportunidade e conveniência.

Afinal, é constrangedor assistir a intolerância religiosa se impor em qualquer parte do mundo. Mais ainda quando vem acompanhada de severas discriminações a grupos sociais como mulheres, homoafetivos ou grupos étnicos. Teria sido um bom momento para retornar à valorização de direitos civis, desta vez de mulheres e crianças.

 

LEMBRANÇA DE LUTHER KINK

AINDA COMOVE O MUNDO

Luther King comoveu não só a nação americana com sua pregação integracionista. Comoveu o mundo inteiro, que assistiu estarrecido ao seu assassinato em Memphis, no outono de 1968, num dia em que as folhas caídas carregaram consigo a alma do sonhador.

“ Eu tenho um sonho”, clamava Luther King. E seu canto contagiou seu povo, que saiu às ruas contra as leis segregacionistas que teimavam em sobreviver à democracia americana.

“Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação”, proclamou à frente do milhão de pessoas que se concentraram em Washington no dia 28 de agosto de 1963.

Malala também tem sonhos. Sonhos de uma menina que deseja construir seu projeto de autonomia  humana como deve ser: sobre o conhecimento. São sonhos como de Luther King e Malala que movem a humanidade.

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