RENATO RIELLA
Teresa Romero Ramos vivia tranquilamente na Espanha, trabalhando como auxiliar de enfermagem. De repente, deu entrada no seu hospital um paciente que acabou morrendo de ebola. E ela se contaminou, estando hoje sob risco de também morrer.
O caso de Teresa é semelhante ao de outra profissional de saúde dos Estados Unidos, que começa a desenvolver os sintomas da doença, sem nunca ter ido à África. Apenas deu azar de atender uma vítima do ebola, que também morreu.
Passa a ser questão dramática, que pode atingir qualquer profissional de saúde do mundo. O que garante que alguém, trabalhando no Hospital de Base de Brasília no mesmo no Hospital da Ceilândia, não esbarre com um paciente vindo da África, com sintomas iniciais de ebola?
A discussão vai se tornar neurótica nas próximas semanas, pela facilidade de contaminação e pelo alto grau de mortes associadas à doença.
Além de Teresa Romero, de 44 anos, estão hospitalizadas mais 15 pessoas no mesmo hospital de Madri, incluindo o marido da auxiliar de enfermagem, por terem mantido contato direto com ela quando já podia transmitir o ebola. As pessoas em observação não registram sintomas da febre hemorrágica.
A situação de Teresa Romero e a crise do ebola na Espanha vão ser analisadas em reunião hoje do Comitê de Crise, criado pelo governo para acompanhar o ebola.
O número de mortos em consequência da epidemia, surgida na África Ocidental no fim do ano passado, ultrapassou 4 mil, segundo o mais recente balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com relatório da OMS, de sexta-feira passada, estão confirmados 8.399 casos de contágio pelo ebola em sete países (Guiné-Conacri, Libéria, Serra Leoa, Nigéria, Senegal, Espanha e Estados Unidos), com 4.033 mortes.
Nos Estados Unidos, nas últimas horas, o presidente Barack Obama despertou para a gravidade da situação. Hoje discutirá formas de proteção aos trabalhadores das unidades de saúde.
O mundo está acordando para o ebola.