RENATO RIELLA
O presidente Barack Obama, dos Estados Unidos, e o mundo não podem ficar de braços cruzados diante do uso de armas químicas na Síria. Desde a guerra do Vietnam, este é um assunto tabu. A rejeição é absoluta. Mas o quê fazer?
Os EUA têm grande mancha no currículo, pois invadiram o Iraque e mataram o ditador Saddam Hussein alegando que havia o uso de armas químicas nesse país. O Iraque foi vasculhado e nada se descobriu.
Na Síria, não! Há provas de que centenas de pessoas morreram dessa forma, mas ainda existe pequena dúvida se a ação foi perpetrada pelo sanguinolento ditador Bashar al-Assad ou pelos guerrilheiros que tentam derrubá-lo.
Um impasse na vida de Obama é saber que, se Assad for derrubado na guerra civil, o país pode ser tomado por partidários da Al-Qaeda, legítimos sucessores de Bin Laden, que estarão de posse de um país grande produtor de petróleo e possuidor de armas poderosas. Além do mais, a Síria é localizada perto de Israel.
Imaginem um grande estoque de armas químicas em mãos de guerrilheiros extremistas, inimigos do Ocidente?
Outro risco, no caso da invasão da Síria, será o bombardeio dos depósitos de armas químicas, o que pode gerar tragédia de grandes proporções.
Países como Rússia e China claramente se opõem à invasão, enquanto tradicionais parceiros dos EUA decidem não participar da operação (é o caso da Inglaterra).
Tudo é difícil para Barack Obama neste momento. Para completar, a diplomacia americana está frágil e os Estados Unidos são acusados de espionar presidentes de países parceiros, entre os quais a presidente Dilma Rousseff.
Na ONU, a questão da Síria é quase impossível de se resolver, diante das divisões de opinião entre os grandes. Mas algo precisa ser feito.
Vale prevenir que, se houver o uso de armas químicas esta semana, em qualquer proporção, a Síria estará provocando o mundo e o bombardeio surgirá repentinamente, pois as forças americanas estão postadas em pontos próximos.
O mundo vive momento de grande perigo, pois nunca se pode imaginar quais as consequências de uma ação militar externa na Síria. Só resta aguardar, agradecendo a Deus pelo fato de o Brasil estar fisicamente distante dessa confusão.
NOVO CHANCELER BRASILEIRO
NÃO APOIA A INVASÃO DA SÍRIA
No Brasil, o novo chanceler Luiz Alberto Figueiredo Machado defendeu uma solução política para a situação na Síria e, sem mencionar expressamente os Estados Unidos, criticou a possibilidade de um ataque unilateral. “Não podemos apoiar o uso da força sem a autorização expressa do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, disse Figueiredo Machado.
No sábado, Obama, defendeu a ação armada, mas afirmou que só dará a ordem para atacar após aprovação do Congresso americano.
Segundo o chanceler brasileiro, o uso da força nas relações internacionais está previsto como último recurso e apenas em duas circunstâncias: para a autodefesa e no caso de uma determinação especifica do Conselho de Segurança da ONU.
Ele frisou que, em relação à Síria, nenhuma dessas situações se verifica. “Portanto, qualquer ação de uso da força feita fora desse quadro será, para nós, uma violação do direito internacional”, declarou o chanceler. Ele também disse que o uso de armas químicas “é intolerável” e que a comunidade internacional está esperando a conclusão do relatório de um grupo de peritos da ONU, que visitou a Síria, sobre a questão.
De acordo com ele, o Conselho de Segurança da ONU está “paralisado” nessa questão, o que seria mais um sinal da necessidade das reformas defendidas pelo Brasil.